
Claridade de Mariana Santana (Portugal) é uma das curtas-metragens de ficção presentes na Competição Nacional da 22ª edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente a decorrer em vários locais da capital que se centra na enigmática viagem de comboio pelo Douro de duas personagens. Ele, um homem mais velho. Ela, uma jovem silenciosa. Ambos procuram um fenómeno de luz que se diz fazer ver na região. O mesmo fenómeno que se revela no silêncio de uma noite nem sempre pacata e que os faz vibrar depois de um dia de marasmo. Entre aquilo que se escuta e o que de facto se consegue ver, pergunta o espectador onde fica a realidade?!
Mais do que um exercício narrativo onde uma história se desenvolve em torno de um conjunto de premissas que o argumento e as respectivas personagens levantam e equacionam para que o espectador se deixe levar pelo mesmo, esta Claridade pressupõe - e espera do espectador - que se apurem os sentidos e se registem os pequenos detalhes que inundam o ecrã... de forma invisível. O que vemos é um segundo plano nem sempre compreendido sendo que, por sua vez, são os sons mais ou menos próximos, e a sugestão que os momentos proporcionam, que acabam por se revelar como cruciais para o acompanhamento desta história que funciona numa dinâmica essencialmente dessa sugestão quase sempre induzida pelo próprio argumento. Apuram-se todos os demais sentidos que, ironicamente numa sala de cinema, acabam por se sobrepôr em inúmeros momentos à visão que (pensamos) seria o elemento fundamental ao assistir a um filme.
No final permanecem mais dúvidas do que respostas às questões que o espectador coloca nomeadamente ao fundamento e à natureza da relação que une este homem e esta jovem rapariga. Permanece uma resposta, nunca conclusiva, que nos alerta para o secretismo desta viagem àquele local quando "Ele" não revela num breve telefonema estar na companhia de outra pessoa. A dinâmica entre ambos ali naquela casa semi-abandonada é puramente (pensamos) etérea. Delicada sim. Frágil. Talvez não pura mas também não denota algo mais do que dois indivíduos que se cruzaram e partilharam um qualquer traço de comunhão que ali os levou. Compreendemos o vazio - de ambos - e a vontade de partilhar algo - nunca consumado - mas, ao mesmo tempo, abstraímo-nos da real dimensão desta partilha, destes instantes e destes momentos que apenas são interrompidos pelo que poderá estar "lá fora".
Poderia ser interessante uma longa-metragem que explorasse mais esta história nomeadamente as dinâmicas entre este inesperado "casal" que pouco comunica, por vezes se contempla e que tem um propósito em comum - assume o espectador - seja ele o de atingir o que está para lá do fenómeno que pretendem testemunhar ou o simples facto de escapar de um mundo que pode ser - para eles - mais real do que aquilo que estão dispostos a assumir.
Mais do que um exercício narrativo onde uma história se desenvolve em torno de um conjunto de premissas que o argumento e as respectivas personagens levantam e equacionam para que o espectador se deixe levar pelo mesmo, esta Claridade pressupõe - e espera do espectador - que se apurem os sentidos e se registem os pequenos detalhes que inundam o ecrã... de forma invisível. O que vemos é um segundo plano nem sempre compreendido sendo que, por sua vez, são os sons mais ou menos próximos, e a sugestão que os momentos proporcionam, que acabam por se revelar como cruciais para o acompanhamento desta história que funciona numa dinâmica essencialmente dessa sugestão quase sempre induzida pelo próprio argumento. Apuram-se todos os demais sentidos que, ironicamente numa sala de cinema, acabam por se sobrepôr em inúmeros momentos à visão que (pensamos) seria o elemento fundamental ao assistir a um filme.
No final permanecem mais dúvidas do que respostas às questões que o espectador coloca nomeadamente ao fundamento e à natureza da relação que une este homem e esta jovem rapariga. Permanece uma resposta, nunca conclusiva, que nos alerta para o secretismo desta viagem àquele local quando "Ele" não revela num breve telefonema estar na companhia de outra pessoa. A dinâmica entre ambos ali naquela casa semi-abandonada é puramente (pensamos) etérea. Delicada sim. Frágil. Talvez não pura mas também não denota algo mais do que dois indivíduos que se cruzaram e partilharam um qualquer traço de comunhão que ali os levou. Compreendemos o vazio - de ambos - e a vontade de partilhar algo - nunca consumado - mas, ao mesmo tempo, abstraímo-nos da real dimensão desta partilha, destes instantes e destes momentos que apenas são interrompidos pelo que poderá estar "lá fora".
Poderia ser interessante uma longa-metragem que explorasse mais esta história nomeadamente as dinâmicas entre este inesperado "casal" que pouco comunica, por vezes se contempla e que tem um propósito em comum - assume o espectador - seja ele o de atingir o que está para lá do fenómeno que pretendem testemunhar ou o simples facto de escapar de um mundo que pode ser - para eles - mais real do que aquilo que estão dispostos a assumir.
6 / 10

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