segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Sewing Borders (2018)

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Sewing Borders de Mohamad Hafada (Líbano) presente na secção Panorama Special Focus dedicada à temática das migrações da vigésima-segunda edição do Queer Lisboa - Festival Internacional de Cinema Queer que decorre no Cinema São Jorge até ao próximo dia 22 de Setembro, é uma curta-metragem centrada na região do Médio Oriente - mais concretamente na cidade de Beirute - e nas diferentes "fronteiras" do território quer sejam elas sociais, culturais, políticas ou geográficas bem como sobre as decorrentes movimentações populacionais decorrentes ao longo das últimas décadas.
Partindo de uma simples premissa, Sewing Borders possibilita ao seus protagonistas nunca devidamente identificados, a oportunidade de, através de uma mapa da capital libanesa, poder estabelecer as suas fronteiras (ou aquelas que o seu imaginário permite), da cidade tal como dela se recordam. Dispersos ao longo das décadas por diversos locais que passaram por campos de refugiados na Síria ou na Turquia devidas às guerras civis e instabilidade sentida no país, estes entrevistados recuperam a "sua" cidade de Beirute, os locais que frequentavam então e aqueles espaços onde as suas casas se encontravam. Numa recuperação já perdida da memória histórica da cidade, Sewing Borders possibilita aos intervenientes através das suas capacidades e conhecimentos de costura, criar as suas fronteiras internas numa reflexão sobre o tempo e a História assim como sobre as suas memórias individuais.
Sem nunca conhecer quem está a narrar os seus conhecimentos da História, esta curta-metragem libanesa tem, como sua personagem principal, diferentes mapas da cidade, do país e da região sujeitas a uma "intervenção cirúrgica" por parte de uma máquina de costura que estabelece os seus limites. Num irónico e inesperado paralelismo com a realidade, o espectador consciencializa-se da comparação entre a realidade Histórica e aquela com que o realizador prestou ao título da sua obra ao estabelecer que tanto estas como as fronteiras reais mais não foram do que meros acasos estabelecidos por aqueles que, sentados à mesa com os mapas de então, resolveram dividir territórios, povos, espaços e uma mesma comum cultura.
Ainda que com todo um potencial maior por explorar, mas sempre acompanhada da memória oralizada e de alguns documentos históricos, Sewing Borders encontra uma forma simples mas eficaz de se expôr enquanto representação fílmica de um contexto histórico tantas vezes explorado e tão poucas vezes (tentado ser) compreendido.
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6 / 10
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