Lavalantula 2 de Nick Simon (EUA) é a sequela de Lavalantula (2015), de Mike Mendez e onde o actor Seteve Guttenberg recupera, pela terceira vez, o seu infame Colton West depois de também ter participado na saga Sharknado (o quarto), na perpetuação de uma personagem que apenas se pode inserir na galeria daquelas... "a não fazer".
Depois de Lavalantula, Colton West (Guttenberg) é um actor com um ego grande demais para assumir uma carreira que bateu no fundo. Em gravações na soalheira Florida, o seu passado volta a encontrá-lo e um conjunto de tremores de terra fazem ressurgir as temidas lavalantulas ressugir e dizimar uma população desatenta. Numa esperança de salvar a enteada e toda a população da Florida e dos Estados Unidos, Colton prepara-se para uma viagem pelas agora inóspitas terras do Estado e conseguir assim eliminar os temidos predadores que espreitam em todas as esquinas... Até que encontra a fonte de todos os problemas.
O que dizer desta sequela para lá daquilo que se torna óbvio quando se lê a sinopse da mesma?! Neil Elman e Ashley O'Neil escrevem este argumento que não só se assume um disparate destes os instantes iniciais como é, sobretudo, uma paródia a todo um conjunto de actores que o espectador compreende ter estado - está! - adormecido no temo e no espaço há algumas décadas. Aqui os cameos são assustadoramente presentes na medida em que se recuperam todo um conjunto de actores outrora conhecidos e que na já ida década de '80 fizeram parte de alguns dos maiores sucessos cinematográficos junto do público... do já referido protagonista Guttenberg a Michael Winslow e Marion Ramsey eternos rostos da saga Police Academy (1984), de Hugh Wilson passando por Martin Kove, de Karate Kid (1984) ou Tahnee Welch e Tyrone Power Jr., de Cocoon (1985), factor que podia aliciar um público dessas mesmas obras a lembrar esses momentos mágicos e aproximar-se desta obra televisiva mas que, por sua vez, se distancia da mesma por um conjunto de momentos que se tentam cómicos mas que ao repudiar essa essência em nome de algo em que tradicionalmente "cai" a comédia em questão... a vergonha alheia... se caracteriza não pelo humor mas sim por um completo desastre do qual ninguém se quer recordar.
2 Lava 2 Lantula! é assim um daqueles filmes que o espectador ama odiar. Esqueçamos o argumento. É absurdo pensar que iremos retirar daqui qualquer tipo de realidade que nos faça sentir bem connosco próprios ou mesmo ter a noção de que acabámos de ver uma obra à qual queiramos regressar num futuro... nem próximo nem distante. Não... Aquilo que esta longa-metragem consegue fazer chegar ao espectador - e isso sim poderá conseguir ser positivo - é uma paixão sentida por uma equipa de produção que quis deixar um qualquer legado do seu trabalho. Esqueçamos se isso será, no final, positivo ou negativo mas sim que a vontade e o trabalho os levou a criar "isto"... Talvez com muito ou poucos fundos... talvez com muito ou pouco tempo... ou quem sabe com mais ou menos empenho mas este foi o resultado de alguém que quis fazer um filme (não necessariamente uma obra cinematográfica) e, nessa perspectiva, talvez seja esse o legado (na falta de melhor palavra) que aqui é deixado.
Na prática, e já no final onde se pode fazer uma avaliação com conhecimento de causa, que o espectador pensa e compreende que aqui ninguém se levou realmente a sério... nem a equipa de produção, nem actores... nem tão pouco os vários convidados especiais que desfilam por esta obra com uma qualquer pretensão de voltar a aparecer no grande (ou pequeno) ecrã com algo que contar. Aqui todos estão com uma real e vincada compreensão de que estão "por estar". Ninguém será recordado pelo seu trabalho (qual empenho!!!) nesta obra, pelos seus dotes artísticos - nem mesmo a equipa de efeitos especiais que não se esmerou na criação das referidas "lavalantulas" - e eventualmente terá existido alguém que não quis o seu nome associado aos créditos finais da mesma... No fundo, 2 Lava 2 Lantula! fez-me recordar Bowfinger (1999), de Frank Oz onde um produtor desesperado, interpretado por Steve Martin, acompanhado de uma equipa de rodagem (também ela no seu limite), tentava criar todo um conjunto de situações impensáveis filmando assim o seu actor de eleição que, apanhado de surpresa julgava estar a ser atacado por seres do espaço. É esta despreocupação que se sente em 2 Lava 2 Lantula!... mas com muito menos elaboração ou cuidado para com os resultados finais, dando a toda esta sequela - esperada mas completamente desnecessária - a dimensão que ela realmente tem... nenhuma!!!
2 Lava 2 Lantula! ficará eternamente - se conseguir resistir todo o tempo que esta palavra comporta -, naquela galeria de filmes que estão para lá da série Z... tão distantes, mal elaborados e desprovidos de um qualquer conteúdo que apenas os fãs de um actor... de um realizador que possa vir alcançar o seu estatuto de culto - dificilmente - ou de uma história de apocalipse em potência irão recordar.
No reino do absurdo tudo impera e triunfa... e quando a este se unem todo um conjunto de actores e profissionais que esperam ver o seu rosto uma vez mais no grande ecrã tentando, dessa forma, recuperar alguma da graça e do esplendor que alcançaram noutros tempos... existe sempre uma "lavalantula" que renasce do chão (ou das cinzas) pronta a consumir aqueles que de nós resistem até ao final de uma "obra" como esta sequela de algo que inicialmente nunca deveria ter visto a luz do dia. Diz o ditado popular que "entre mortos e feridos... alguém há-de escapar"... aqui... nem os vivos conseguem ter um final feliz... pelo menos não um que seja digno de tal caracterização.
.
.
.
1 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário