sábado, 21 de julho de 2018

Valis (2018)

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Valis de Adrián Adamec (Eslováquia) remete o espectador para uma Europa em 2017 onde a sociedade já não é como inicialmente fora idealizada. Num espaço onde se pedia a comunhão de valores sociais igualitários, os tempos proporcionaram uma inesperada divisão onde a máquina controla o Homem. Poderá existir alguma salvação e regresso a um tempo onde a liberdade exista tal como fora imaginada?
Vast Active Living Inteligent System - VALIS... assim foi apelidada a primeira "forma de vida" que surgira através da intleigência artificial criada como forma a proteger a vida humana sempre em risco numa sociedade cada vez mais violenta. O argumento da autoria do realizador foca-se portanto no início destes tempos perturbados como uma abordagem a uma nova realidade onde o Homem tenta sobreviver numa vida social onde é dominado por esta nova forma de vida capaz de tudo dominar e impôr-se como o topo de uma pirâmide onde se assume como o mais apto para a dita sobrevivência.
Com o recurso a uma certa realidade social que lentamente se impõe nos nossos dias e a dramatização dos acontecimentos resultante também de uma certa adaptação da evolução tecnológica dos nossos tempos, Valis cria toda a sua estrutura a partir do pressuposto de que o Homem - de uma forma geral - abdica quase inconscientemente do seu papel numa sociedade em completa transformação para dar lugar à "máquina" que actua como o seu intermediário nas relações bi-dimensionais. Quando o perigo espreita ao virar da esquina, que outra forma de sobreviver senão criar uma manobra de interagir sem que a mesma exista na realidade?!
No entanto, cedo chega a questão que se impõe... até que ponto poderá o Homem manter-se no topo da já referida pirâmide quanto aos poucos, e com o passar inconsciente do tempo, abdica de todo o seu poder de actuação num mundo cujos riscos são cada vez maiores? Até que ponto poderá recuperar o seu próprio espaço quando tudo manobrou para que o perde-se?
Inteligente e por demais pertinente, Valis peca apenas pela sua escassa duração centrada quase exclusivamente na justificação desta "nova realidade social", e na forma (ou solução) encontrada pelo Homem para sobreviver na mesma primeiro tentando combater um mal que emerge pela sua própria mão, depois adaptando-se à sua mútua convivência e finalmente tentando-lhe sobreviver ocupando um lugar "na sombra", fugindo e recorrendo a uma forma de silenciosa resistência que espreita - agora - para tentar voltar ao seu lugar tido como "inato". Talvez um dia mais tarde surja a pertinente e esperada longa-metragem onde sejam exploradas mais vertentes da dinâmica Máquina versus Homem... ou Máquina versus Planeta... de que forma poderia esta sobreviver num globo que não foi feito... à sua medida?!
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7 / 10
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