domingo, 3 de setembro de 2023

Meteor Moon (2020)

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Lua Meteoro de Brian Nowak (EUA) é uma daquelas longas-metragens que anuncia desastre desde o primeiro instante e não... não a propósito do seu argumento.
Após um meteorito colidir com a Lua levando-a a entrar em rota de colisão com o planeta Terra, um grupo de cientistas liderado pelos irmãos Lawson têm de descobrir como travar a aparentemente inevitável extinção.
Como referi logo nas primeiras duas linhas deste comentário, Meteor Moon anuncia a desgraça. A sua própria desgraça. Sem qualquer aviso prévio o espectador recebe de imediato imagens reais de manifestações, conflitos e convulsões do mundo moderno que aqui são associadas a esta catástrofe interplanetária que prenuncia o fim da vida na Terra tal como a conhecemos. "Tudo bem", pensamos, e não fosse a descoordenação constante que a narrativa desta longa-metragem apresenta e até pensaríamos que algo poderia fazer sentido no seio de uma obra que pretende recrear o mais antigo dos medos dos gauleses... que o céu caia em cima da cabeça. Mas não, pelo contrário, toda a vontade de mostrar um conjunto de momentos e de personagens que são, na sua maioria, perfeitamente desnecessárias ou, na melhor das hipóteses, completamente ridículas que vão do comum cidadão sem qualquer coerência para lá da vontade de os retratar enquanto pobres marginais - alcoolizados e afins - sobre quem ninguém irá chorar a sua morte ou, por outro lado, revelar um conjunto de militares que parecem ter saído da escola de moda e beleza no dia anterior, Meteor Moon destaca-se (se assim o poderemos dizer) por respeitar as quotas de género ao apresentar todas as personagens militares, da mais alta patente à mais baixa, como personagens femininas. Este aspecto não seria sequer uma questão se a representação das actrizes fosse consistente e coerente - incluindo uma Dominique Swain num registo bem desgastado do brilho de outros tempos -, afinal noutros tempos seriam todos homens, mas aqui o espectador compreende totalmente que o objectivo foi o preenchimento de uma cópia... de unhas compridas a blush... de baton a penteados que nenhum militar usaria... as evidências estão lá... observa-as quem quer...
De (falta de) coerência em (falta de) coerência... o reino da estupidificação não pára. Personagens que surgem dos matos com a solução para a falha global das telecomunicações sem esquecer os adeptos das teorias da conspiração altamente armados e com a sabedoria que se lê nas instruções das caixas de cartão não podemos, claro está, esquecer os cientistas caídos em desgraça salvos por um irmão mais novo e com mais sede de poder que caminham rumo à redenção... as histórias de famílias destruídas fruto da ruína profissional e claro... a salvação que se encontra no último instante graças a um qualquer truque macgyveriano que se engendrou dentro de um Mustang descapotável no espaço rumo à drive que irá comandar o GPS para o lado mais escuro da Lua e, como tal, salvar o planeta graças a um buraco negro. Tal... nem um verdadeiro cientista alguma vez iria sequer conceber.
Os terramotos são intensos - felizmente nunca observamos nenhum tsunami apesar de um gigantesco ser anunciado -, as mortes são aos milhares mas... não se sabe bem onde... os vulcões entram em erupção e os esconderijos no interior das montanhas resistem a temperaturas elevadas no subsolo ao ponto de tudo ser resolvido... e ninguém morre queimado ou asfixiado ou sequer larga um pingo de transpiração (truques da escola de moda...) e no espaço, os dois cientistas salvadores do mundo têm tantos recursos - não os suficientes para terem um foguetão - e a sorte de principiante para encontrarem uma cápsula perdida que os pode fazer regressar a Terra... e as maravilhas não páram de surgir.
"Isto é tão mau que até se torna bom" é uma daquelas velhas frases que em tantos momentos do passado viram nascer filmes que hoje consideramos clássicos - e que todos nós podemos recordar uns quantos -, mas aqui não. Em Meteor Moon a única coisa da qual temos total certeza, para lá do facto desta história nos aborrecer quase desde os primeiros trinta segundos, é que estamos perante um filme que é simplesmente mau. Não existe coerência ou sentido em absolutamente nada... no argumento, nos actores e respectivas interpretações... nos cenários escolhidos a dedo porque eram simplesmente os de menor gasto... nas expressões... nos lugares comuns... nos cenários extra planeta... nas dinâmicas entre personagens... nos dramas familiares... nos excessos... nas loucuras... no exagero... Absolutamente nada é digno de registo positivo ou permitir ao espectador pensar que "afinal aquilo até está bem feito..."... Nada!
Meteor Moon é o perfeito filme nulidade. Sabemos que existe... Eventualmente percebemos que até o queremos ver compreendendo que não será nada de bom mas... uma vez lá... desejamos ardentemente sair deste inferno que não é tido como o desastre do planeta Terra mas sim aquele que irá corromper a nossa paciência e sanidade mental. No final apenas uma constatação ou certeza... a compreensão de que perdemos perto de noventa minutos da nossa vida em algo que, na realidade, nunca deveria ter visto a luz do dia... apesar de nos quererem vender que tudo está bem quando acaba bem... a não ser que o espectador deseje que, nesta ficção, a Lua colida de facto com a Terra e ponha fim a estas personagens que na sua realidade desejamos que não consigam reproduzir-se.
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