Muy Fuerte de César Rios (Espanha) é um filme curto que aborda a temática das primeiras impressões. Aquelas que se tem face àquilo que não conhecendo faz com que se equacione sempre o lado negativo de uma acção tida pelos outros.
Uma mulher passa a frequentar um ginásio. As colegas, surpreendidas com esta sua nova actividade, tecem todo um conjunto de comentário sobre as suas supostas segundas intenções que estão (para elas) relacionadas com uma relação extra-conjugal da colega. Mas aquilo que desconhecem revela-se como uma trágica realidade que aquela mulher vive num silêncio desarmante.
A curta-metragem de César Rios recupera nesta história algo tão humano como a desconfiança, as segundas intenções e sobretudo a capacidade (e vontade) de falar mal do "outro" para que ninguém olhe "para mim". Assim, o boato, o rumor e o falso testemunho levantado por terceiros ganha um lugar de destaque nesta curta-metragem centrando-se em boa parte da trama ao mesmo tempo que esconde, em boa medida, o que está por detrás da acção desta mulher que só intriga o espectador por ser sistematicamente mencionado por uma das demais personagens que não treme quando decide "apontar-lhe o dedo" pelo seu novo estilo de vida até então desconhecido para as mencionadas "amigas".
Os "porquês" das suas acções são apenas revelados bem perto do final, quando todos nós espectadores poderemos (ou não) ter julgado esta personagem não pelo seu novo estilo de vida mas sim por aquilo que as demais personagens equacionam e, até mesmo, por potenciais preconceitos que nós próprios possamos ter quando encontramos "alguém" que repentinamente exibe comportamentos distintos daqueles tidos até um determinado momento. Incapazes de enfrentar a mudança - dos outros - julgando-os pelos nossos próprios parâmetros, quase somos forçados a exigir daquela personagem uma justificação que, ainda que sendo dada como elemento redentor da mesma, não nos pertence... não nos assiste perceber os seus porquês para podermos ter nos nossos ideias a compreensão dos seus actos mas, ainda assim, contentamo-nos quando o mesmo sucede.
Interessante sob o ponto de vista da perspectiva humana entre o "eu" e o "outro" comprovando que todos nós somos sofisticadas "máquinas de vigilância" daqueles que por nós se cruzam, Muy Fuerte falha apenas na execução da acção nem sempre polida acabando por cair no lugar comum que a certo momento quase se que assume (e exige) como um "justificativo" necessário para revelar o desfecho desta narrativa. Mordaz sobre a perspectiva da hipocrisia humana que (auto-)censura o que acontece ao nosso redor, esta curta-metragem pedia uma execução mais nobre e de facto "mais forte" para que pudesse finalizar com mais dignidade sobretudo para a sua protagonista que por vezes desfila sem que tenha o merecido brilho.
.Uma mulher passa a frequentar um ginásio. As colegas, surpreendidas com esta sua nova actividade, tecem todo um conjunto de comentário sobre as suas supostas segundas intenções que estão (para elas) relacionadas com uma relação extra-conjugal da colega. Mas aquilo que desconhecem revela-se como uma trágica realidade que aquela mulher vive num silêncio desarmante.
A curta-metragem de César Rios recupera nesta história algo tão humano como a desconfiança, as segundas intenções e sobretudo a capacidade (e vontade) de falar mal do "outro" para que ninguém olhe "para mim". Assim, o boato, o rumor e o falso testemunho levantado por terceiros ganha um lugar de destaque nesta curta-metragem centrando-se em boa parte da trama ao mesmo tempo que esconde, em boa medida, o que está por detrás da acção desta mulher que só intriga o espectador por ser sistematicamente mencionado por uma das demais personagens que não treme quando decide "apontar-lhe o dedo" pelo seu novo estilo de vida até então desconhecido para as mencionadas "amigas".
Os "porquês" das suas acções são apenas revelados bem perto do final, quando todos nós espectadores poderemos (ou não) ter julgado esta personagem não pelo seu novo estilo de vida mas sim por aquilo que as demais personagens equacionam e, até mesmo, por potenciais preconceitos que nós próprios possamos ter quando encontramos "alguém" que repentinamente exibe comportamentos distintos daqueles tidos até um determinado momento. Incapazes de enfrentar a mudança - dos outros - julgando-os pelos nossos próprios parâmetros, quase somos forçados a exigir daquela personagem uma justificação que, ainda que sendo dada como elemento redentor da mesma, não nos pertence... não nos assiste perceber os seus porquês para podermos ter nos nossos ideias a compreensão dos seus actos mas, ainda assim, contentamo-nos quando o mesmo sucede.
Interessante sob o ponto de vista da perspectiva humana entre o "eu" e o "outro" comprovando que todos nós somos sofisticadas "máquinas de vigilância" daqueles que por nós se cruzam, Muy Fuerte falha apenas na execução da acção nem sempre polida acabando por cair no lugar comum que a certo momento quase se que assume (e exige) como um "justificativo" necessário para revelar o desfecho desta narrativa. Mordaz sobre a perspectiva da hipocrisia humana que (auto-)censura o que acontece ao nosso redor, esta curta-metragem pedia uma execução mais nobre e de facto "mais forte" para que pudesse finalizar com mais dignidade sobretudo para a sua protagonista que por vezes desfila sem que tenha o merecido brilho.
4 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário