quarta-feira, 30 de abril de 2025

One Last Wish (2024)


One Last Wish de Simon Valentine, Edmond Yang e Alex Holm (Noruega) é uma curta-metragem de animação feita com o recurso à inteligência artificial e com argumento de Erland Loe que levanta uma eterna questão... o que fazer com (ou nas) últimas horas de vida?
Sem mais, e apenas com isto em mente, a tripla de realizadores cria uma história que coloca uma inesperada personagem no centro de uma trama onde são explorados os seus sentimentos e vontades, a sua vergonha e curiosidade pela descoberta, a sua vontade pelo secretismo para que nada seja desvendado depois da sua partida - estamos perante uma invulgar condenada à morte - e, finalmente, todos estes sentimentos, sensações e descobertas avaliados pelo olhar de um espectador atento que pretende descobrir (também ele) até que ponto esta personagem difere tanto do próprio que, colocado nesta situação, poderia ter uma realidade tão diferente da dela mesmo que o seu "último desejo" fosse algo completamente distinto?!
A curiosidade pelo que nunca se teve face a um fim anunciado e a descoberta (por nós) de que ao ambiente daquela personagem se cinge à triste realidade em que habita - e possivelmente sempre habitou - coloca o pensamento no espectador sobre a capacidade da animação em recriar um ambiente que poderia ser a realidade de qualquer pessoa real que se enquadrasse num meio semelhante. Longe de qualquer julgamento ou identificação para com a mesma, é esta personagem fictícia que acaba por demonstrar através do seu inesperado desejo uma consciência de uma realidade não experimentada quando a vida era "normal" e que agora apenas terá de se limitar à possibilidade de concretizar algo que em vida pode ter estado ao seu alcance mas para com o qual sempre se deixou moldar pelos padrões do aceitável e que por um lado a vergonha e por outro a ostracização social sempre a impediram de concretizar.
Triste pelo final mas divertida pela forma como se constrói uma história inesperada e simples, One Last Wish é franca e terna, capaz de revelar o mais íntimo do desejo humano longe de preconceitos e com um ligeiro humor incapaz de deixar julgamentos por parte do espectador... e tudo em pouco mais de três minutos.



7 / 10

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