Adam Renascido de Paul Schrader não é um filme de guerra. É sim um filme sobre aqueles que dela saíram sobreviventes. Mas sobreviventes até que ponto? Este filme centra-se principalmente nos traumas que ficaram na mente daqueles que sobreviveram aos campos de concentração à época da Segunda Guerra Mundial.
Temos como actor principal Jeff Goldblum naquele que é, afirmo-o, o seu melhor papel de cinema até à data. Depois de o vermos em filmes de acção, terror, suspense e afins, aqui ele entrega-nos um brilhante papel dramático de fazer render qualquer espectador que arrisque ver este filme que é, inicialmente, dficil de digerir.
Depois de nos depararmos com muitos dos traumas que permanecerem na mente daqueles que sobreviveram e após alguns flashbacks que nos levam à vida da personagem de Goldblum no período anterior à guerra uma nova personagem entra no filme. Mais um habitante do hospício onde grande parte da acção decorre. É graças a esta mesma personagem que o grande trauma de Goldblum se revela e como apesar de se julgar afastado ele estava bem presente ainda na sua memória. É aqui que começamos a tomar conhecimento com o que de facto se passou com ele durante os anos da guerra. É aqui que conhecemos que a sua passagem pelo campo de concentração não foi tão simples quanto aquilo que à partida ele nos quer fazer ver e mostrar.
Jeff Goldblum tem não só a sua interpretação de carreira mas também das melhores que o ano cinematográfico nos presenteou. Contido e despreocupado inicialmente para de uma dor e solidão imensa à medida que o filme nos revela os seus mais cruéis acontecimentos.
O leque de secundários é convincente e coordenados dentro da sua loucura, mas a destacar sempre o papel de Willem Dafoe como o oficial nazi que dominou e torturou psicologicamente Goldblum durante os seus anos de permanência no campo. É apropriado dizer que ele é bom quando faz de bom... Mas EXCELENTE quando faz de mau. Tanto Goldblum como Dafoe têm magníficas interpretações neste filme. Seriam dignas de Oscar caso o filme tivesse tido a devida projecção e propaganda.
Algo que funciona também muito bem no filme é a sua fotografia. A ausência de grandes cores para a presença apenas de uma clara oposição entre o claro e o escuro, o branco e o preto, o cinza como variação. São estas pequenas (grandes) técnicas que nos auxiliam a não perdermos atenção da história do filme que nos vai conquistando aos poucos. E o mesmo se passa com os cenários que são de certa forma minimalistas. Sabemos que estamos no deserto mas pouco dele vemos. Sabemos nos flashbacks que estamos num campo de concentração mas... dele pouco vemos. A presença do que existe simplesmente para nos mostrar em que ponto ou área estamos resulta para que nos cocnentremos apenas na acção e no que nos é revelado tornam o argumento do filme francamente consistente e de não desviar a atenção.
Para tornar alguns momentos mais tensos e dramáticos temos também uma banda-sonora muito bem elaborada por Gabriel Yared que já nos habituou a excelentes partituras.
Adam Renascido é assim um excelente filme que inicialmente se torna algo dificil de digerir mas que à medida que a acção decorre e alguns mistérios são assim desvendados se torna mais um grande filme repleto de grandes emoções e que nos mostra um lado diferente à vida de campo de concentração, mas sim a existência (ou sobrevivência) daqueles que deles saíram com vida.
8 / 10
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