segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Solo (2010)

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Sózinho de Marc Nadal, que também escreveu o argumento, é uma curta-metragem espanhola que se centra nas inúmeras histórias de violência que ocorrem diariamente em diversos locais.
Nesta curta acompanhamos o dia-a-dia de um jovem que se encontra basicamente sózinho a todas as horas do dia, encontrando-se fugazmente com os seus pais durante a noite que rapidamente o encaminham para uma noite de sono descansado. No entanto, ignoram o sofrimento desse mesmo filho que apresenta cada vez mais sinais de inadaptação e solidão que aos poucos o consomem e desgastam ao ponto de apresentar não só os primeiros sinais de violência como também de uma instabilidade mental que aos poucos se acentua.
Quando a violência chega todos os dias a casa através dos inúmeros noticiários, irá esta tornar-se "normal" e representar a próxima forma de sociabilidade entre as pessoas?
O argumento que, como referi, é também da autoria de Marc Nadal consegue tocar em dois aspectos muito sensíveis destes dias que atravessamos. O primeiro é a solidão e a falta de comunicação sentidos por tantos indivíduos que devido às pressões profissionais e sociais se esquece de "outro" que consigo partilha uma vida diária. Solidão e comunicação que vivem ou escasseiam quase sempre um em dependência do outro, acabam por "justificar" muita da falta de adaptabilidade que tantos indivíduos sentem, normalmente quando os próprios se encontram na sua formação enquanto tal, e transformá-los em adultos que se sentem impossibilitados de conviver com os demais tal como reflecte a carta do professor que aqui vemos descrita.
Interessante é também o facto deste argumento associar a estes factores a normalidade e tranquilidade com que a violência é aqui aceite. Ela entra diariamente nas nossas casas, e logo nas nossas vidas, através das televisões que sedentas de níveis de audiências e de sensacionalismo as repetem à exaustão. Quando isto acontece junto de pessoas que por si já se encontram com sérios problemas de sociabilização, há que pensar na forma (ou de que forma) elas são recebidas pelos mesmos. Com repúdio e problematização ou, pelo contrário, como algo tão ou mais normal do que um afecto?
Esta curta-metragem é assim um interessante trabalho que se foca em temáticas actuais e sempre presentes na vida das nossas sociedades e que são, em tantas ocasiões, esquecidas e ignoradas que, um dia (senão já), podem ser elas também um reflexo daquilo que nós vemos... "normais".
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7 / 10
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