Crime Perfeito de Joana Alves, Sérgio Bernardo Costa e Susana Semedo é uma curta-metragem portuguesa de ficção que apresenta ao espectador a perfeita relação de Pedro (Hugo Costa Ramos) e Madalena (Marta Andrino).
De uma aparente recordação de um amor inigualável, Pedro parece despertar para uma realidade aquando da visita de Henrique (Jorge Fernandes), um inspector da Polícia Judiciária que o interroga sobre o estranho desaparecimento de Madalena. Quando todas as evidências parecem apontar para que Pedro esteja a esconder algo... os acontecimentos podem, no entanto, revelar algo mais profundo do que um não tão simples desaparecimento.
Com uma interessante e diferente abordagem ao tema das relações, do amor e da mútua entrega no seio de um casal, Crime Perfeito faz adivinhar uma improvável violência doméstica no seu íntimo. Aquilo que começa como uma intensa e cúmplice relação entre "Pedro" e "Madalena", cedo termina com a suspeita de que algo mais negro assombra os destino do casal entregando a jovem interpretada por Marta Andrino nas mãos de um potencialmente violento arruaceiro aqui interpretado por Costa Ramos.
A violência doméstica, assuma ela a forma de física ou psicológica, é tantas vezes difícil de encontrar e, outras tantas, camuflada com a vergonha sentida por um dos elementos do casal que tudo faz por fazer crer e parecer que "não é nada". Mas, o que pensar quando as evidências parecem estar todas à "nossa" frente? Um candeeiro partido... objectos desarrumados... um desaparecimento... uma morte... O que deduzir quando tudo parece encaminhado para uma morte fruto dessa violência? Desse abuso encapotado... Desses sorrisos destruídos e actos interrompidos?!
Crime Perfeito tudo indica - para o espectador - que aquilo que se testemunha é o perfeito "antes" de algo que terminou... Os tais dias idílicos onde tudo parecia ter e ser uma nova oportunidade de (fazer) sentir e viver algo bom... e diferente. Mas, no entanto, a força das "provas" com as quais é confrontado fazem-no - por momentos - entender que a realidade está distante dessa suposta perfeição e que o destino de "Madalena" poderá ter sido igual ao de tantas outras mulheres que sofrem em silêncio o abuso de um lar destruído. E aqui reside a perfeição desta curta-metragem... no inuendo... na forçada dedução de um espectador habituado a histórias onde a violência perdura e os finais felizes são apenas uma miragem já desconhecida. O final, revelador dos factos tal como eles são, deixa um sabor a história (deles) por contar apesar de da mesma termos retirado aquilo que realmente "foi".
De um argumento cheio de caminhos por explorar - da sua relação, da sua química, dos seus dias e até das descobertas que tudo iriam transformar - Crime Perfeito prima ainda pela escolha de uma brilhante Marta Andrino com tanto (mas tanto) para entregar ao espectador - sim... mea culpa mas assisti ao seu trabalho em Morangos com Açúcar (uma nota mais que positiva) - e um Hugo Costa Ramos numa construção dramática consistente que, ao mesmo tempo, deixa o espectador num misto de incertezas sobre os seus actos, num registo que confirma - para ambos - uma evidente ascensão nos seus percursos profissionais.
De um argumento cheio de caminhos por explorar - da sua relação, da sua química, dos seus dias e até das descobertas que tudo iriam transformar - Crime Perfeito prima ainda pela escolha de uma brilhante Marta Andrino com tanto (mas tanto) para entregar ao espectador - sim... mea culpa mas assisti ao seu trabalho em Morangos com Açúcar (uma nota mais que positiva) - e um Hugo Costa Ramos numa construção dramática consistente que, ao mesmo tempo, deixa o espectador num misto de incertezas sobre os seus actos, num registo que confirma - para ambos - uma evidente ascensão nos seus percursos profissionais.
Do amor ao ódio, da suspeita à entrega incondicional, Crime Perfeito deixa o espectador incerto até aos últimos instantes confirmando, à sua própria maneira, que afinal o sentimento existe e se expressa quando dele menos (ou mais) se espera...
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7 / 10
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