quarta-feira, 15 de julho de 2015

Salomé (2014)

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Salomé de Sofia Bairrão é uma curta-metragem portuguesa de ficção eleita como a melhor curta-metragem do mês pelo Shortcutz Xpress Viseu cujo argumento nos conta a história de duas amigas Camila (Cleia Almeida) e Salomé (Ana Moreira).
Camila e Salomé são inseparáveis percorrendo as ruas e os espaços de forma cúmplice e divertida, partilhando experiências, momentos e memórias. Camila pensa com o passar do tempo. Salomé ensaia a nova peça de teatro. Mas algo as irá separar...
Salomé começa com uma interessante reflexão de Mia Couto... "o bom do caminho é haver volta, para ida sem vinda já basta o tempo", que de certa forma nos leva a uma igualmente interessante reflexão sobre a forma como aproveitamos o nosso próprio caminho, ou seja, a vida tal como qualquer estrada percorrida preenche-se e forma-se com um conjunto de experiências que se transformam em memórias e recordações todas elas definidas pela forma como "andámos", no entanto, o que acontece quando nos enganamos nesse caminho é bem diferente das oportunidades não aproveitadas e que, com o tempo, se desvanecem.
O que acontece quando uma amizade se vê subitamente interrompida pelo desaparecimento de um dos elementos? Como se sobrevive sabendo que aquele/a com quem se partilharam milhares de experiências positivas e negativas que contribuíram para o desenvolvimento e amadurecimento de ambos jamais poderá ser visto, ouvido ou responder às nossas inúmeras questões e dúvidas? O que acontece depois - da morte, da falta, do desaparecimento, da ausência - e como será agora olhado o mundo quando só pode ser visto pelos olhos de um?!
Cleia Almeida enquanto "Camila", reserva ao espectador mais uma interpretação doce e melancólica que se dilui na ideia de uma solitária que procura agora o seu lugar no mundo longe de uma "Salomé" de Ana Moreira fria e já distante como se espera da condição da sua personagem estando as duas numa constante "viagem" por locais que nunca chegamos a ver na realidade para além de uma turva aparição dos mesmos.
Não irei aqui negar que esperava um pouco mais deste filme curto principalmente a nível da exploração da condição destas duas personagens, da amizade que as une - uniu - e do futuro que se espera de uma agora alma solitária e perdida na exploração de novos caminhos... aqueles que poderá explorar mas já sem o acompanhamento da sua outra metade. No entanto, considerando a limitação de tempo inerente a uma curta-metragem, Salomé surpreende pela forma oscilatória com que apresenta a imagem da cumplicidade, da memória, e da despedida entre duas almas que em tempos se complementavam.
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7 / 10
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