Equinox de Bruno Carnide (Portugal) é uma das curtas-metragens em competição na décima-sexta edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema a decorrer em várias salas da capital que aqui, num registo de animação, nos remete para o país do sol nascente onde um confronto está prestes a atingir o seu clímax.
Em pouco mais de três brevíssimos minutos, Bruno Carnide dá corpo ao argumento de Carlos Salvador naquela que é uma animação Europeia num ambiente asiático, que cruza elementos do cinema noir, do drama, do conto de amor sem deixar de brindar o espectador com pequenas surpresas que tarde se revelam para deixar o espectador num impasse. Um impasse que não se afirma pela incerteza da história a que este acabou de assistir mas sim uma que convictamente se afirma num pensamento comum para estas curtas-metragens cuja duração finda muito rapidamente... "onde está tudo o demais?". Desde sempre defendo que uma história - um filme - termina no exacto momento em que tem de durar. Nada, em princípio, fica por contar e os elementos e nuances que são fornecidas ao espectador são exactamente aqueles que deveriam ter visto a luz do dia. No entanto, são pequenas e surpreendentes histórias que rapidamente confirmam que toda a regra tem uma excepção, e é esta que deixa o espectador com a firme convicção que Equinox deveria ter ido mais além.
Não lhe falta nada... Temos um ambiente animada que recria com uma precisão invejável uma Tóquio cosmopolita que, no entanto, é apresentada pela calada da noite enquanto todos se escondem de um rebuliço diário, temos o clima que tantas vezes associamos a estas histórias orientais que não fazem o espectador dispersar com pequenos detalhes narrativos - sendo que aqui estes são importantes para a dinamização do tempo e do espaço - e que nos remete para uma história que se desvenda num meio privado mas numa urbe imensa e, finalmente, esta mesma história que ganha corpo não por aquilo que vemos e que é revelado mas sim através do poder de uma imaginação que se deixa embrenhar pelos requintes que cada um atribui àquilo que escuta para lá do que é devidamente fornecido enquanto "espaço".
Um homem e uma mulher encontram-se. Ambos falam sobre a presença dela com alguém. Nada é fornecido sobre estas duas personagens para lá de um ciúme que ganha forma enquanto as palavras são escutadas. Adivinha-se um ambiente tenso. Uma história cheia de mágoas, de rancores, de ofensas que não são novas e que podem facilmente assumir-se com um crime porvir. São os pequenos elementos de uma cidade que aparentemente dorme mas que ganha uma "consciência" sobre esse futuro próximo... O vermelho assume-se com o indício maior de um acto violento. O vermelho que se reflecte nos edifícios, nos semáforos e até nas palavras que ganham forma enquanto o fim (do filme...) se aproxima. A cidade, que apenas aparenta dormir, desperta com um som agudo e aquilo que parecia ser iminente acontece para a surpresa (não esperada) do espectador.
Equinox não falha. Não existem elementos supérfluos e tudo, da primeira palavra à primeira imagem, encontra-se devidamente centrado no espaço e no tempo que o espectador precisa para se deixar levar por uma história que tudo conta mas que poderia deixar-se levar pelo tempo sendo digerida pelo espectador com idêntica dedicação, curiosidade e surpresa. Nada falha a não ser o tempo... o tempo que chega demais para as personagens que mesmo não sendo vistas ganham corpo pela alma que depositam em cada palavra que soltam enquanto todo um universo de sons se escutam "lá fora".
Eventualmente atípica para uma animação, Equinox consegue equilibrar intensidade e dramatização mantendo o espectador preso a um novo segmento e na esperança que a história possa não acabar tão brevemente como aquilo que cedo se adivinha.
.Em pouco mais de três brevíssimos minutos, Bruno Carnide dá corpo ao argumento de Carlos Salvador naquela que é uma animação Europeia num ambiente asiático, que cruza elementos do cinema noir, do drama, do conto de amor sem deixar de brindar o espectador com pequenas surpresas que tarde se revelam para deixar o espectador num impasse. Um impasse que não se afirma pela incerteza da história a que este acabou de assistir mas sim uma que convictamente se afirma num pensamento comum para estas curtas-metragens cuja duração finda muito rapidamente... "onde está tudo o demais?". Desde sempre defendo que uma história - um filme - termina no exacto momento em que tem de durar. Nada, em princípio, fica por contar e os elementos e nuances que são fornecidas ao espectador são exactamente aqueles que deveriam ter visto a luz do dia. No entanto, são pequenas e surpreendentes histórias que rapidamente confirmam que toda a regra tem uma excepção, e é esta que deixa o espectador com a firme convicção que Equinox deveria ter ido mais além.
Não lhe falta nada... Temos um ambiente animada que recria com uma precisão invejável uma Tóquio cosmopolita que, no entanto, é apresentada pela calada da noite enquanto todos se escondem de um rebuliço diário, temos o clima que tantas vezes associamos a estas histórias orientais que não fazem o espectador dispersar com pequenos detalhes narrativos - sendo que aqui estes são importantes para a dinamização do tempo e do espaço - e que nos remete para uma história que se desvenda num meio privado mas numa urbe imensa e, finalmente, esta mesma história que ganha corpo não por aquilo que vemos e que é revelado mas sim através do poder de uma imaginação que se deixa embrenhar pelos requintes que cada um atribui àquilo que escuta para lá do que é devidamente fornecido enquanto "espaço".
Um homem e uma mulher encontram-se. Ambos falam sobre a presença dela com alguém. Nada é fornecido sobre estas duas personagens para lá de um ciúme que ganha forma enquanto as palavras são escutadas. Adivinha-se um ambiente tenso. Uma história cheia de mágoas, de rancores, de ofensas que não são novas e que podem facilmente assumir-se com um crime porvir. São os pequenos elementos de uma cidade que aparentemente dorme mas que ganha uma "consciência" sobre esse futuro próximo... O vermelho assume-se com o indício maior de um acto violento. O vermelho que se reflecte nos edifícios, nos semáforos e até nas palavras que ganham forma enquanto o fim (do filme...) se aproxima. A cidade, que apenas aparenta dormir, desperta com um som agudo e aquilo que parecia ser iminente acontece para a surpresa (não esperada) do espectador.
Equinox não falha. Não existem elementos supérfluos e tudo, da primeira palavra à primeira imagem, encontra-se devidamente centrado no espaço e no tempo que o espectador precisa para se deixar levar por uma história que tudo conta mas que poderia deixar-se levar pelo tempo sendo digerida pelo espectador com idêntica dedicação, curiosidade e surpresa. Nada falha a não ser o tempo... o tempo que chega demais para as personagens que mesmo não sendo vistas ganham corpo pela alma que depositam em cada palavra que soltam enquanto todo um universo de sons se escutam "lá fora".
Eventualmente atípica para uma animação, Equinox consegue equilibrar intensidade e dramatização mantendo o espectador preso a um novo segmento e na esperança que a história possa não acabar tão brevemente como aquilo que cedo se adivinha.
7 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário