quarta-feira, 8 de maio de 2019

Heatstroke (2019)

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Heatstroke de Edgar Morais (Portugal/EUA) é uma das curtas-metragens presentes na Competição Nacional da décima-sexta edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente que decorre na capital desde o passado dia 2 de Maio.
O calor. O desejo. A satisfação sexual. A despreocupação. O delírio. Em breves instantes assistimos a uma sucessão de estímulos e estados de espírito que primeiro confundem e depois desarmam o espectador.
Esta que é a primeira incursão do actor Edgar Morais na realização de uma obra cinematográfica não poderia ser mais sugestiva e inolvidável na medida em que o espectador é completamente surpreendido não só pela sua narrativa como principalmente pela forma como a sucessão de imagens induzem para uma constante percepção da história que apenas é revelada já quando tudo está prestes a terminar.
Ao longo de toda esta breve mas original curta-metragem escutamos os lamentos de "Claire" (Leah Pipes) que fala de recordações de um passado aparentemente distante onde, em casa da sua avó durante o Verão, tinha um cão de nome "Zizi". Os seus lamentos, que subitamente se transformam em devaneios algo inconsistentes, são abruptamente interrompidos - na atenção do espectador - pela companhia a seu lado que, sem ser perceptível de imediato, se assume como o tal "elefante na sala" que todos compreendem estar presente mas que ninguém quer ainda explorar. Apenas os sons e a percepção dessa presença assumem um lugar protagonista sem, na realidade, serem revelados.
A história de "Claire" repetida vezes sem conta assume-se primeiramente como um qualquer devaneio pouco lúcido como o resultado de uma insolação - heatstroke - que a mesma sofrera... Mas é quando compreendemos quem a acompanha e a sua potencialmente desenquadrada actividade que todo o título de "heat".. ou "stroke" se assumem como mais "complexos" ou, pelo menos, levarem a uma dispersão de pensamentos assumidos pelo espectador... estarão todos eles lúcidos... carnais... conscientes?!
Neste "filme dentro de um filme" que subitamente surge no ecrã, cada personagem vive a sua própria dinâmica e a sua história dentre da história tornando todos os envolvidos em inesperados protagonistas de um conto que vivem em comum mas do qual nenhum faz verdadeiramente parte... Contracenam individualmente nos seus próprios imaginários, nas suas próprias experiências conferindo, a cada uma delas, a sua veracidade e realidade para lá daquilo que se passa centímetros ao lado e daquilo que o espectador possa, inicialmente, imaginar garantido que o calor em excesso pode, na realidade, transformar todos aqueles que por ele se deixam afectar.
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7 / 10
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