quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Da Capo (2019)

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Da Capo de Mário de Oliveira (Portugal) é a curta-metragem vencedora do Sophia Estudante na categoria de Ficção que leva o espectador a uma viagem temporal entre passado e presente e à revelação da união entre duas personagens que pelo ocaso se reencontram num universo que lhes é familiar.
Um pintor (Nuno Nolasco) e o seu "objecto artístico" (Miguel Cadima). A contemplação e a o desejo latente. A intimidade que se explora e a separação que se adivinha.
A curta-metragem de Mário de Oliveira explora o amor, o desejo, a empatia, a ligação inquestionável entre duas almas e ainda a hipótese de um reencontro de duas almas cúmplices através de uma viagem temporal.
Com a vontade de que algum mistério una as mãos a um conto histórico e romântico, o realizador dá cor a um relato sobre o poder do amor. Um amor que poderá até nem ser assumido face aos tempos passados que não reconheciam todas as diferentes cores do mesmo mas que devido à sua força e determinação encontra lugar no mundo mesmo anos passados onde os intervenientes - ainda que com a mesma forma - são os receptáculos daquilo que perdurou.
Parca em diálogos mas intuitiva pela forma como expõe os gestos e a forma como estes reflectem um sentimento intemporal, esta curta-metragem urge por uma maior definição do seu argumento que expunha para lá do óbvio as motivações e os (des)encontros dos dois protagonistas transformando-a, assim, numa eventual história de amor - mesmo que não cumprido - entre duas pessoas deslocadas do seu tempo e do seu espaço.
Os dois momentos temporais em que a acção se desenrola, ainda que compactados ao essencial para que a narrativa funcione, revelam a necessidade de uma maior profundidade do espaço e das personagens com o mesmo, podendo dessa forma evoluir para um filme memorável do género e não aquele conjunto de lugares eventualmente comuns que encontramos neste tipo de histórias. Se pensarmos como só a vertente da viagem temporal poderia transformar toda esta história num relato fascinante e emocionante aqui perdido - obviamente pela limitação de tempo de uma curta-metragem -, conseguiria o espectador compreender que estamos perante muito mais que não se chegou a cumprir. Interessante do ponto de vista do seu argumento, a Da Capo falta uma maior precisão técnica que possibilite, ao mesmo tempo, uma maior exploração dos meandros sentimentais das duas personagens que se perdem no tempo.
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5 / 10
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