sábado, 22 de agosto de 2009

Doubt (2008)



Dúvida de John Patrick Shanley é uma agradável surpresa. Muita coisa já tinha lido sobre este filme e sobre como a escolha da Meryl Streep para o papel principal em vez da actriz que o desempenha na Broadway havia sido um erro e bla bla... A Meryl Streep é, e julgo que sempre será, uma excelente escolha para qualquer papel a que se propõe. Ela é simplesmente fenomenal, intensa e entrega-se a cada papel que desempenha. Dito isto é óbvio que o seu desempenho neste filme terá, como em todos os outros, o seu melhor, na primeira vez que a vemos como uma professora de um colégio católico e que o controle com o pulso firme. Justa nomeação para todos os prémios que teve (e os poucos que ganhou) incluindo o Oscar de Melhor Actriz (a 15ª nomeação até à data).
A outra boa e grande surpresa do filme, arrisco dizer revelação considerando que conhecia muito pouco do seu trabalho é Viola Davis que tem um curto mas estrondoso e dominante papel no filme como a mãe de um dos alunos do colégio. Também ela nomeada a Oscar mas aqui para a Melhor Actriz Secundária, e justa que foi, considerando que foi uma das forças maiores do filme apesar das poucas cenas que teve no filme, resumidas a um diálogo mais ou menos longo com Meryl Streep.
Amy Adams e Philip Seymour Hoffman também foram nomeados para Actriz e Actor Secundário. Da primeira sou franco a dizer que apesar de um simpático papel não se justificava a nomeação, quanto a Hoffman a nomeação foi justa mas não foi suficientemente importante para que lhe pudesse dar a vitória (que felizmente não deu).
A outra nomeação do filme foi para o Argumento Adaptado para John Patrick Shanley o próprio autor da obra. Justa nomeação e ficou por aí. A história em si já está um tanta batida em casos de pedófilia no seio da Igreja Católica, ou melhor, todos nós sabemos mas tem sido algo esquecido a não ser em pequenos debates e notícias que ouvimos.
Não que uma boa história precise de muitos artifícios para ser de facto boa, mas esta é demasiado simplista e é de princípio ao fim um filme baseado apenas e só em boas interpretações, algo que poderia ter falhado. Assim sendo é na sua globalidade um filme que vence apenas pelas interpretações, em particular nas duas inicialmente mencionadas, porque de resto tem momentos em que consegue ser um pouco monótono.
Para apreciadores de bons confrontos ideológicos vale pelos momentos em que se opõem Davis/Streep e Hoffman/Streep, e é excelente de ver para aqueles que querem uma Meryl Streep no papel de uma vilã... Ou será que afinal não o é?




"Father Brendan Flynn: Doubt can be a bond as powerful and sustaining as certainty."

8 / 10

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