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S.O.S. Fantasmas de Richard Donner é uma adaptação moderna do conto de Charles Dickens em que um cruel e frio homem é visitado por três fantasmas na véspera de Natal... O fantasma do Natal Passado, o do Natal Presente e o do Natal Futuro. Após as três visitas... este homem outrora insensível e desinteressado para com as pessoas compreendo finalmente qual é o verdadeiro espírito e sentido da época festiva.
Nesta versão esse homem é Frank Cross, interpretado pelo literalmente imparável Bill Murray naquele que é mais um dos seus extraordinários desempenhos cómicos onde não falta a eterna mensagem que todas as suas personagens solitários lançam algures durante um filme... A mensagem em que pede a "mão" de alguém para deitar fora a solidão que o torna ora amargo ora indiferente.
Esta história, que toma lugar na estação de televisão que Frank dirige, decorre na véspera de Natal em que todos estão empenhados em ter no ar a própria história de Dickens. Com a devida pressão do programa e os Fantasmas a aparecerem a Frank sem avisarem, o normal de esperar desta história é, como já todos devem esperar, a confusão e o caos total.
Tendo já existido inúmeras adaptações desta história, uma mais outras menos bem feitas, é natural que a história em si possa já não despertar o devido interesse que esperamos. Já todos sabemos o que se vai passar, quando, como e porquê!
No entanto aquilo que torna este filme original é o facto de decorrer nos dias de hoje (não esquecer que o filme já é de 1988) e poder adaptá-lo ao cinismo e calculismo que invadem abruptamente as sociedades modernas. A avareza não é necessariamente para os mais carentes e com menos recursos mas sim para todos aqueles que desafiam a nossa palavra.
Mas como sempre... em todos os Natais... o espírito que este emana e a fraternidade que lhe deve estar sempre inerentes acabam por vencer. E aqui vencem da melhor forma possível com aquele que é, para mim, um dos filmes de Natal mais bem realizados.
Comédia é uma verdade... Mas se o analisarmos bem será que só nos conseguimos rir? Ou será que se prestarmos a devida atenção não verificamos e encontramos mais pontos sérios nos quais devemos reflectir e pensar que afinal o Natal é, e deve ser, mais do que aquele único dia no ano?!
Este filme tem inúmeros momentos delirantes. Os momentos entre Frank e Eliot (Bobcat Goldthwait) ou entre Frank e os três fantasmas... bom.. entre os dois primeiros, pois o Fantasma do Natal Futuro não é para brincadeiras... Todos estes momentos são da mais pura e delirante comédia a qual nenhum de nós consegue ficar indiferente.
Bill Murray, como sempre, tem aqui uma interpretação à sua medida em que consegue dar largas à sua imaginação e onde nada lhe fica mal... Nem os momentos mais delicados... e muito menos aqueles em que ele revela em alto e bom som o quão hipócritas todos podem ser face à magia que o Natal deve ter.
Igualmente brilhante é o trabalho de caracterização nomeado ao Oscar em que pelas mãos de Thomas R. Burman e Bari Dreiband-Burman alguns dos actores são transformados em criaturas perfeitamente... vamos dizer sombrias.
Não será o típico filme de Natal com muita neve e muitas melodias mágicas (se bem que tem de ambas), mas será de certeza um daqueles filmes que ninguém esquecerá depois de o ver e que tem igualmente um elenco de destaque em que, além de Bill Murray se destacam Karen Allen, Robert Mitchum, Alfre Woodward, John Forsythe e Carol Kane, entre muitas outras caras conhecidas.
Para aqueles que não conhecem e querem uma excelente aventura natalícia, este será de longe o filme que não se deverá perder.
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"Frank Cross: It's Christmas Eve! It's... it's the one night of the year when we all act a little nicer, we... we... we smile a little easier, we... w-w-we... we... we cheer a little more. For a couple of hours out of the whole year, we are the people that we always hoped we would be!"
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8 / 10
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