Boa Noite e Boa Sorte de George Clooney que também assina o argumento em parceria com Grant Heslov etem uma das interpretações principais, foi a primeira série incursão do actor na realização de uma longa-metragem e um dos filmes mais nomeados aos Oscar em 2006, nomeadamente para Filme, Actor (David Strathairn), Realizador e Argumento, estas duas últimas para o próprio Clooney.
Apesar de não ter recolhido nenhuma das estatuetas para que estava nomeado este filme firmou a posição de Clooney enquanto realizador e, mais uma vez, toca num assunto sensível da História norte-americana do século XX numa altura em que a desconfiança para com o comunismo vivia o seu expoente máximo no país, e onde todos eram investigados pelo seu passado estudantil, sindicalista ou simplesmente pelos princípios de cidadania que em tempos os havia levado a uma qualquer reunião que era, na altura retratada neste filme, considerada como anti-americana.
Edward R. Murrow (Strathairn) é o repórter da CBS que juntamente com produtor Fred W. Friendly (Clooney) empreenderam uma acção para desmascarar o temido Senador McCarthy que na década de 50 do século passado, instaurou um clima de medo com a paranóia da ameaça comunista sobre os Estados Unidos.
Este filme retrata assim toda a sua acção quer televisiva quer principalmente o seu envolvimento pessoal na causa, e ao longo de um conjunto de testemunhos documentais e claros discursos contra o senador, demonstram a fragilidade das suas teorias como também, e talvez o mais importante de tudo, o ambiente de suspeita e de medo que as suas acções criaram por toda a sociedade onde a suspeita e a incerteza dos actos dos outros eram o motivo suficiente para dele fazer uma denúncia.
Acima de um qualquer argumento, ou até mesmo das interpretações que se limitam a ser francamente regulares e seguras, aquilo em que este filme consegue ser positivo e interessante é na reconstituição histórica que faz dos factos dando a um público desconhecedor do tema uma interessante abordagem ao mesmo.
Através deste filme conseguimos assim perceber um pouco mais da História recente norte-americana bem como, principalmente, do clima de medo que se vivia quando se pensava que o vizinho do lado poderia simplesmente lançar uma suspeita sobre o comportamento de alguém e, dessa forma, sujeitá-lo a um rigoroso interrogatório que poderia destruir (e destruiu) a vida a tantas pessoas só porque nos tempos de juventude se participou numa qualquer reunião para reclamar direitos essenciais mas que, aos olhos da actualidade (daquela actualidade específica) seria encarado como um "encontro comunista".
Se por um lado é justo dizer que o elenco dá um retrato fiel desta época, é também justo dizer que a maioria das personagens não é suficientemente desenvolvida para com ela termos uma empatia especial ou, mais ainda, para com o drama social que viviam. Quase meros elementos descritivos da época pouco conseguem funcionar para além disso, e se pensarmos que estamos a falar não só de "personagens" como de pessoas que existiram de facto, deveria de ter existido algo que nos fizesse aproximar delas e dessa forma sentirmos um pouco mais da época que viveram.
Ao mesmo tempo, é também justo dizer que David Strathairn e a sua composição enqunto Murrow, é provavelmente uma das mais seguras da sua carreira e apesar da vitória ao Oscar não lhe ter sido confirmada não deixa, no entanto, de ser justa. Strathairn consegue recriar com convicção a determinação que Murrow tinha em desmascarar o clima de medo imposto pelo Senador McCarthy, e vários são os momentos ao longo deste filme onde sentimos realmente o quão injusta era, politica e socialmente, os anos da "caça às bruxas" e que lançaram toda a sociedade norte-americana num aparente medo e insegurança a respeito de algo que, na prática, nunca havia existido mas que serviu as agendas políticas de alguns indivíduos durante uma longa série de anos.
Este filme vale assim, acima de tudo, como documento actual que recriou uma época histórica mas que, ao mesmo tempo, poderia ter ido muito mais longe e aproximado essa época, bem como os seus intervientes principais, do público dos nossos dias, até porque muitas vezes numa ou noutra sociedade de um qualquer lugar do mundo, estes acontecimentos não estão assim tão longe como seria de pensar. E se por um lado de reconstituição histórica este filme sai vencedor, por outro ao falhar nessa aproximação dos dias de hoje, torna-o num documento algo impessoal, perdido e que se perde do público que deveria tentar conquistar.
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Este filme retrata assim toda a sua acção quer televisiva quer principalmente o seu envolvimento pessoal na causa, e ao longo de um conjunto de testemunhos documentais e claros discursos contra o senador, demonstram a fragilidade das suas teorias como também, e talvez o mais importante de tudo, o ambiente de suspeita e de medo que as suas acções criaram por toda a sociedade onde a suspeita e a incerteza dos actos dos outros eram o motivo suficiente para dele fazer uma denúncia.
Acima de um qualquer argumento, ou até mesmo das interpretações que se limitam a ser francamente regulares e seguras, aquilo em que este filme consegue ser positivo e interessante é na reconstituição histórica que faz dos factos dando a um público desconhecedor do tema uma interessante abordagem ao mesmo.
Através deste filme conseguimos assim perceber um pouco mais da História recente norte-americana bem como, principalmente, do clima de medo que se vivia quando se pensava que o vizinho do lado poderia simplesmente lançar uma suspeita sobre o comportamento de alguém e, dessa forma, sujeitá-lo a um rigoroso interrogatório que poderia destruir (e destruiu) a vida a tantas pessoas só porque nos tempos de juventude se participou numa qualquer reunião para reclamar direitos essenciais mas que, aos olhos da actualidade (daquela actualidade específica) seria encarado como um "encontro comunista".
Se por um lado é justo dizer que o elenco dá um retrato fiel desta época, é também justo dizer que a maioria das personagens não é suficientemente desenvolvida para com ela termos uma empatia especial ou, mais ainda, para com o drama social que viviam. Quase meros elementos descritivos da época pouco conseguem funcionar para além disso, e se pensarmos que estamos a falar não só de "personagens" como de pessoas que existiram de facto, deveria de ter existido algo que nos fizesse aproximar delas e dessa forma sentirmos um pouco mais da época que viveram.
Ao mesmo tempo, é também justo dizer que David Strathairn e a sua composição enqunto Murrow, é provavelmente uma das mais seguras da sua carreira e apesar da vitória ao Oscar não lhe ter sido confirmada não deixa, no entanto, de ser justa. Strathairn consegue recriar com convicção a determinação que Murrow tinha em desmascarar o clima de medo imposto pelo Senador McCarthy, e vários são os momentos ao longo deste filme onde sentimos realmente o quão injusta era, politica e socialmente, os anos da "caça às bruxas" e que lançaram toda a sociedade norte-americana num aparente medo e insegurança a respeito de algo que, na prática, nunca havia existido mas que serviu as agendas políticas de alguns indivíduos durante uma longa série de anos.
Este filme vale assim, acima de tudo, como documento actual que recriou uma época histórica mas que, ao mesmo tempo, poderia ter ido muito mais longe e aproximado essa época, bem como os seus intervientes principais, do público dos nossos dias, até porque muitas vezes numa ou noutra sociedade de um qualquer lugar do mundo, estes acontecimentos não estão assim tão longe como seria de pensar. E se por um lado de reconstituição histórica este filme sai vencedor, por outro ao falhar nessa aproximação dos dias de hoje, torna-o num documento algo impessoal, perdido e que se perde do público que deveria tentar conquistar.
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