segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Une Vieille Maîtresse (2007)

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A Última Amante de Catherine Breillat que esteve presente na selecção competetiva do Festival Internacional de Cinema de Cannes em 2007, e que nos remete para uma França aristocrática de há alguns séculos onde os casamentos preparados são uma constante pelo bom nome e preservação da fortuna.
Aos 30 anos, Ryno de Marigny (Fu'ad Aït Aattou) é um pobre aristocrata que vivia junto a Vellini (Asia Argento), uma espanhola que o encaminhou para os prazeres da vida durante os anos iniciais da sua idade adulta.
Agora que precisa de assumir uma relação séria com Hermangarde (Roxane Mesquida) uma jovem, apaixonada e rica aristocrata que lhe pode manter um elevado nível de vida, chegou a altura de Marigny se separar da sua igualmente apaixonada, e mais velha, amante, garantindo ao mesmo tempo a manutenção de um nível aceitável perante a sociedade parisiense.
É quando o casamento se está para concretizar que a abastada avó de Hermangarde quer saber sobre todo o romance entre Marigny e Vellini, conto este que retrata as promessas de amor e de obsessão que o casal viveu durante anos e também a forma como esta última entra numa espiral de decadência e abandono que para sempre a irão marcar.
Qualquer produção de época é, por si só, motivo para suscitar a mais profunda curiosidade. O retrato de outra época e de costumes tão díspares do momento em que vivemos (ou talvez não) é sedutor por si só e fonte daquilo que pode vir a tornar-se num excelente filme. Se pensarmos então que é neste tipo de produção que se retiram elementos técnicos tão fascinantes como o guarda-roupa, aqui pelas mãos de Anaïs Romand, o décor de Tibor Dora e Sandrine Mauvezin ou a fotografia de Giorgios Arvanitis que dá uma riqueza muito particular ao filme transformando todos os seus pequenos detalhes em verdadeiras explosões de cor que retratam tanto a opulência como a decadência moral da sociedade em questão, temos assim os ingredientes certos para podermos ver um filme de grande magnitude.
A estes aspectos todos só vem contribuir ainda mais para o dinamismo do filme a electrizante interpretação dessa tão particular e versátil actriz de nome Asia Argento. Independentemente do filme que se trate, é impossível negar que nos deixamos seduzir pela sua prestação que, do início até ao final consegue cativar-nos a cada momento em que aparece. Argento interpreta a paixão, e principalmente a dor e o abandono sentidos por aquela mulher que tendo caído na teia de uma improvável paixão jamais se conseguiria vir a livrar dela mesmo quando renegada e repudiada por aquele a quem entregou o seu coração.
Argento comunica com as palavras mas, principalmente, com as expressões, gestos, movimentos e com o seu olhar que quase sentimos estar a hipnotizar-nos. E todos os seus sentimentos são, de uma ou outra forma, visíveis e perceptíveis através de cada movimento seu. Aqui, tal como noutras interpretações que tem entregue ao longo da sua carreira, ela não é só uma força mas sim a alma que as suas personagens aparentam ter, acabando assim por ser aquilo que de mais forte este filme tem.
Apesar do género em causa ser apelativo por todos os detalhes anteriormente referidos, não deixa de ser uma verdade que o recorrer excessivo à sexualidade, por vezes desnecessária pois já sabemos que foi ela que uniu durante muito tempo o par protagonista e que, ao mesmo tempo condiciona o relatar de outros aspectos, bem como o demorado "passo" deste filme contado em tom de flashback retira algum do impacto e desfecho dramático que se espera das personagens principais. Se considerarmos que é "Marigny" que naquele momento conta a história, estando ele próprio em vésperas do seu casamento... sabemos perfeitamente que "Vellini" foi abandonada e rejeitada, deixando assim de lado o factor surpresa sobre o que lhe terá sucedido, sendo este o aspecto mais complicado do argumento de Breillat e que, de certa forma, condiciona o nosso interesse pelo filme no seu todo.
Não sendo um filme difícil de acompanhar é também justo dizer que também não nos consegue cativar na sua totalidade pois o género histórico que tem tanto potencial para cativar o público não só pelos seus dramas sentimentais como também sociais, limita-se aqui a relatar apenas uma dependência física de um pelo outro sem se concentrar o suficiente na dependência emocional que é também gerada através desta invulgar relação. Ainda assim, e a nível artístico, mantém os padrões elevados como é esperado de uma produção de época.
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6 / 10
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