domingo, 10 de fevereiro de 2013

Teknolust (2002)

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Desejos Virtuais de Lynn Hershman-Leeson, também autora do argumento, que fez parte da selecção oficial do Fantasporto em 2004 e que conta na interpretação principal de uma das maiores actrizes do momento, a britânica Tilda Swinton.
Rosetta Stone (Swinton) é uma cientista que utiliza o seu próprio ADN para reproduzir um conjunto de cyborgs parte humanos e parte computorizados de seus nomes Ruby, Olive e Marine, como forma de poder melhorar a qualidade de vida no mundo.
Enquanto ajudam os outros a completar os seus sonhos pela internet, estes três cyborg precisam do toque ou de esperma para poderem sobreviver. É então que Rosetta recria várias cenas de sedução baseadas em filmes que Ruby absorve durante o sono, sendo que ao não conseguir distinguir o sonho da realidade, as tenta recriar como forma de seduzir aqueles que necessita para sobreviver, dividindo depois o seu "lucro" com Olive e com Marine.
É quando os seus "clientes" começam a demonstrar sinais de impotência e estranhas alergias depois destes encontros que se espalha a ameaça de uma guerra genética que o FBI envia o Agente Edward Hopper (James Urbaniak) para investigar os acontecimentos e Ruby revela os sinais de uma gravidez após se envolver com Sandy (Jeremy Davies) que desenvolveu por ela um estranho fascínio.
O primeiro momento em que dou por mim a pensar sobre aquilo que realmente se passa com esta história prende-se logo de imediato com o facto de "Rosetta" ter criado três seres meio humanos meio máquinas, cada um deles com o seu próprio ambiente e look, e que eles precisem de esperma para sobreviver... Ok... vamos esquecer que isto é ficção a mais e que até seria possível, mas logo de imediato tenho uma segunda questão a colocar...
Se aquelas três muito características mulheres "Ruby", "Marine" e "Olive", todas elas interpretadas por Tilda Swinton que faz o seu melhor de um desastroso filme e argumento, são na prática cyborg's criados para melhorar o mundo, conseguem ter vidas próprias, casa e basicamente andar pelo mundo à procura do próximo "dador"... porque não têm elas tempo para realmente fazer aquilo para que foram programadas e salvar um mundo que pelos vistos não tem ainda pessoas suficientemente dotadas para o fazer?
Há aqui uma clara intenção de demonstrar como os avanços tecnológicos podem trazer benefícios para o mundo, da mesma forma como também há uma clara mensagem feminista sobre o poder da mulher enquanto mãe da Humanidade. No entanto, estas pequenas mensagens que poderiam ser exploradas de forma a percebermos a sua relevância e importância são aqui relegadas para um patamar quase desinteressante e secundário em nome de um voyeurismo e estigmatização da sexualidade, dos afectos e da interligação entre duas pessoas. Se pensarmos, estas mulheres apenas sobrevivem com as doações de esperma alheias e uma delas é quase a "cobaia" voluntária que se predispõe a recolher o "produto" para salvar as outras duas.
Tilda Swinton, de quem me confesso desde já um fã incondicional, e que tem quase sempre personagens que circulam entre o bizarro e a genialidade, aqui apenas consegue manter uma personagem bizarra e que sobreviver apenas pelo look caracteristico da actriz. O "sumo" enquanto personagem é muito pouco e na prática apenas vai prosseguindo um rumo que se espera termine rapidamente.
Visualmente este filme até consegue ser relativamente interessante e o universo recriado para as três "irmãs" consegue ser bastante interessante e apelativo, muito graças ao exímio trabalho de fotografia de Hiro Narita que coloca toda a fogosidade das cores ao serviço das personagens que povoam este filme. No entanto, e para ser francamente realista, mesmo isso tem um limite e não nos consegue abstrair de um filme que é, essencialmente, enfadonho e bizarro demais para conseguir ser interessante, sendo que o seu título resume (na prática) tudo aquilo que ele é.
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3 / 10
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