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Lei da Gravidade de Tiago Rosa-Rosso é uma curta-metragem portuguesa de ficção presente na Competição Nacional de Curtas-Metragens da mais recente edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente que decorre na capital até ao próximo dia 3 de Maio.
Pedro (Pedro Gomes) e Zé (José Bernardino) são duas personagens de um filme improvável não porque não aconteça mas porque o esperam na incerteza. Que filme será esse? Um filme português com certeza.
Depois de Deus Dará, Tiago Rosa-Rosso entrega mais um filme que delicadamente e de forma irónica aponta o dedo a tantos preconceitos que já temos como certos que por vezes nem perdemos tempo a pensar na sua veracidade.
Aqui encontramos duas personagens - "Pedro" e "Zé" - que num vão de escada, impávidos e serenos, aguardam por algo. Perdidos no seu espaço, pois afinal não sabem o que os espera ou sequer quando irá surgir, estas duas personagens terminam por encontrar algo que fazer dissertando sobre aquilo que supostamente fazem... o cinema. E aqui entra o primeiro momento irónico de Lei da Gravidade. Ambos - "Pedro" e "Zé" - esperam pelo filme que não chega... O filme que lhes poderia dar vida, sustento e talvez uma história, mas que por motivos desconhecidos tanto para eles como para o espectador insiste em não começar. Talvez sinal do vazio de ideias... Talvez pela falta de investimento na produção nacional! Independentemente dos motivos - todos eles recrimináveis - estas duas personagens estão assim privadas da sua "vida" e do seu desenvolvimento ou, por outras palavras, da sua própria existência.
Finalmente, chegamos ainda a outra crítica feita por Rosa-Rosso através das suas personagens que consiste na existência do próprio cinema português, ou seja, se para "Zé" este é uma "seca" e "vazio de conteúdo" é, no entanto, para "Pedro" - um jovem de sotaque brasileiro - que o elogia e diz que é repleto de simbologia e mensagens. No fundo um pouco que ainda acontece de facto com o cinema nacional... Se em Portugal ele é renegado e tantas vezes vítima de lugares comuns e preconceitos bacocos, não é menos verdade que além fronteiras é uma arte reconhecida e respeitada alcançando mesmo galardões nos mais importantes festivais de cinema. Rosa-Rosso deixa assim de forma mordaz e inteligente uma crítica a um público desinteressado e nem sempre esclarecido sobre o seu próprio cinema enquanto que "de fora" chegam os mais rasgados elogios e louvores para o mesmo.
Lei da Gravidade transforma-se assim num filme sobre tudo... ou talvez sobre o nada que tudo é. Em breves instantes e sempre com um sentido de humor mordaz e muito apurado, as personagens de Rosa-Rosso falam do cinema, da vida e da existência e até da própria morte - a sua - que não tendo o que desenvolver não têm, por sua vez, motivos para existir, tornando-se assim um filme que até pode criar humor mas esconde por detrás das suas palavras e momentos um sentido maior que pensa e faz pensar sobre o "nós" e os verdadeiros propósitos de "estar (por) cá".
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8 / 10
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