sábado, 23 de março de 2019

Bee Together (2018)

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Bee Together de Tiago Iúri (Portugal) é uma das curtas-metragens presente no Leiria Film Fest na categoria Filmes de Leiria que num estilo que mescla documentário e ficção apresenta, ao espectador, uma importante temática da actualidade.
Ano 2025. Devido às alterações climáticas o planeta Terra sofreu várias catástrofes naturais. Em Portugal, os incêndios transformaram não só a paisagem como a agricultura e as abelhas são uma última esperança para a Humanidade.
Num cenário em que o futuro não é uma realidade assim tão distante, Bee Together apresenta os seus dois protagonistas... Luís e Maria Emília Ferreira... dois agricultores que vivem da produção de mel e de abelhas encontram o seu sustento familiar ameaçado - até mesmo destruído - quando os incêndios devastaram não só a sua área de produção como principalmente a sua "matéria-prima". O cenário que deveria ser natural é agora uma breve imagem de um passado não só mais verdejante como também possível de cultivo e até de reprodução do mais variado tipo de seres... as abelhas, agora desaparecidas... possibilitariam não só a polenização como a produção de mel garantiria sustento alimentício a tantas outras espécies... Homem incluído. Num mundo dito moderno onde a vegetação e a floresta desapareceram e no qual a terra está cada vez mais árida, a própria respiração do Homem está dificultada como se questionam formas e estilos de vida de outrora afectando, dessa forma, todas as dimensões da vida humana... da lenta morte de um planeta em transformação à vida do Homem que agora terá de encontrar novas formas de sustento num planeta saturado, Bee Together explora de forma seca e numa atmosfera quase de ficção científica a questão que todos nós tendemos a ignorar... e agora, como se sobreviverá?!
Esta curta-metragem termina com um conjunto de pensamentos e factos que qualquer um de nós tende a ignorar... não só os trágicos incêndios de 2017 colocaram em risco a vida humana de forma directa com o devastador poder das chamas, como transformou de forma quase irremediável muito do panorama natural do país eliminando, dessa forma, aquilo que Bee Together pretende retratar... a abelha. Milhares de colmeias foram destruídas - assim nos revela o final da obra de Tiago Iúri - e, dessa forma, todo um conjunto de reacções foram desencadeadas nomeadamente a subsistências de alguns animais que, a longo-prazo, poderão ser extintos já não mencionando a própria paisagem natural que, obrigatoriamente, também surge transformada pela sua inexistência.
Dizia Einstein que a Humanidade, sem a abelha, teria apenas seis meses de vida... o planeta Terra que surge lentamente com novas alterações físicas e geográficas - extinção de água e consequente seca, desflorestação, poluição dos lençóis de água doce, extinção de espécies animais a um ritmo acelerado, para mencionar apenas algumas delas... -, encontra-se num período de transformação da qual o Homem ainda não tem a real dimensão... ou se tem (como alguns destes trabalhos da Região de Leiria tão afectada pelos incêndios demonstram), tende a ignorar como se um problema alheio de tratasse.
O realizador Tiago Iúri, que tão habilmente tem revelado obras de cariz futurista onde a acção se desenrola em universos distantes da realidade que conhecemos, aqui brilha pela importância social de uma obra que entrega ao espectador o futuro mesmo ao virar da esquina. Não nos encontramos num qualquer outro planeta ou numa aventura espacial distante da nossa realidade. Não. Aqui a realidade crua, cruza-se com todos aqueles pequenos grandes espaços naturais que nós ainda recordamos como aqueles onde passámos a nossa infância mas que para as gerações futuras mais não serão - a este ritmo - do que felizes realidades de um passado já ido e de um presente (então) triste e desolado.
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7 / 10
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