El Último Vals (de J.S) de Sergio Garai (Espanha) é uma das curtas-metragens presentes na secção Cantábria da décima-terceira edição do Festival Internacional de Cine de Piélagos a decorrer na Cantábria até ao próximo Sábado dia 20 de Maio.
A vida tranquila de Manuel (Manuel Pizarro), um rocker veterano e autor de um programa de rádio, é subitamente abalada quando recebe a visita de Elena, filha de um velho amigo gravemente doente. Esta visita, na qual Elena lhe pede um favor, vai desenterrar velhos fantasmas do passado.
É impossível visionar esta curta-metragem sem nos recordarmos de imediato do já clássico Trainspotting, de Danny Boyle (1996) encontrando, entre ambos, diversas semelhanças começando pelo próprio ambiente aqui recriado que oscila entre o marginal e aquele que as velhas "lendas" ou nomes sonantes e de respeito lá do "bairro" de repente encontram o lado mais escuro da idade adulta onde nenhum acabou por ser aquilo que em tempos (de juventude) ambicionara ser. Se a isto acrescentarmos toda a dinâmica de um certo misto de droga (e rock'n'roll) que rapidamente compreendemos que aqui se desenha e um muito sugestivo momento que é uma "cópia" fiel da referida obra de Boyle então... estamos perante o verdadeiro universo rockeiro que deduzo tenha sido a ambição do realizador recriar.
O mais marcante neste curta-metragem é, desde cedo, a realidade que o espectador compreende como sendo o tão esperado reencontro entre dois amigos que se perderam no tempo. Não chegamos bem a perceber o porquê e os motivos que os levaram em tempos a seguir caminhos diferentes, em boa medida também pouco importa, mas ao descobrir que um desses amigos se viu forçado a apelar à sua filha para que recorresse ao amigo dos bons velhos tempos para lhe conferir um último minuto de prazer alucinogéneo, descobrimos que a amizade pode ter estado adormecido mas só entre pares se pode pedir o inimaginável ou mesmo aquilo que para todos os demais parece difícil demais de obter. Porque não conferir um último momento de prazer a quem, na realidade, parece já não ter muitos mais momentos pelos quais viver?!
É então que nesta busca pela droga perdida (não tão perdida mas os meandros são, compreendemos, bem diferentes daqueles que na sua juventude haviam encontrado), o espectador se depara com o tal imaginário da obra de Boyle que é aqui claramente replicado - ainda que adaptado a esta realidade concreta - mas as referências são por demais evidentes para não o compreendermos com a sua fonte de inspiração... A droga... a sanita (momento literalmente reproduzido)... o roubo... a fuga... e finalmente o reencontro entre dois amigos que o tempo separou mas que não esqueceram como se "reencontrar" num universo só deles... muito próprio e que ambos acabam por utilizar como forma de uma despedida que ao espectador não interessa ver.
Não é tenso nem tão pouco um daqueles filmes com uma mensagem etérea ou fora do normal que nos leva a recordá-lo como uma obra maior do género mas, no entanto, consegue ser um daqueles filmes capazes e bem dirigidos - mesmo que com alguma óbvia inspiração noutras obras -, que essencialmente transmitem ao espectador uma certa ideia de juventude perdida... de uma realidade que tem de ser finalmente abraçada e compreendida como aquilo que existe, ou melhor até, como aquilo que resta... não querendo também eu ser um replicador de inspirações mas não poderia encontrar melhor descrição para este filme ao utilizar o título de um outro (sem que entre eles exista qualquer tipo de relação)... El Último Vals (de J. S) é, no fundo, o espelhar do "tempo que resta"...
.A vida tranquila de Manuel (Manuel Pizarro), um rocker veterano e autor de um programa de rádio, é subitamente abalada quando recebe a visita de Elena, filha de um velho amigo gravemente doente. Esta visita, na qual Elena lhe pede um favor, vai desenterrar velhos fantasmas do passado.
É impossível visionar esta curta-metragem sem nos recordarmos de imediato do já clássico Trainspotting, de Danny Boyle (1996) encontrando, entre ambos, diversas semelhanças começando pelo próprio ambiente aqui recriado que oscila entre o marginal e aquele que as velhas "lendas" ou nomes sonantes e de respeito lá do "bairro" de repente encontram o lado mais escuro da idade adulta onde nenhum acabou por ser aquilo que em tempos (de juventude) ambicionara ser. Se a isto acrescentarmos toda a dinâmica de um certo misto de droga (e rock'n'roll) que rapidamente compreendemos que aqui se desenha e um muito sugestivo momento que é uma "cópia" fiel da referida obra de Boyle então... estamos perante o verdadeiro universo rockeiro que deduzo tenha sido a ambição do realizador recriar.
O mais marcante neste curta-metragem é, desde cedo, a realidade que o espectador compreende como sendo o tão esperado reencontro entre dois amigos que se perderam no tempo. Não chegamos bem a perceber o porquê e os motivos que os levaram em tempos a seguir caminhos diferentes, em boa medida também pouco importa, mas ao descobrir que um desses amigos se viu forçado a apelar à sua filha para que recorresse ao amigo dos bons velhos tempos para lhe conferir um último minuto de prazer alucinogéneo, descobrimos que a amizade pode ter estado adormecido mas só entre pares se pode pedir o inimaginável ou mesmo aquilo que para todos os demais parece difícil demais de obter. Porque não conferir um último momento de prazer a quem, na realidade, parece já não ter muitos mais momentos pelos quais viver?!
É então que nesta busca pela droga perdida (não tão perdida mas os meandros são, compreendemos, bem diferentes daqueles que na sua juventude haviam encontrado), o espectador se depara com o tal imaginário da obra de Boyle que é aqui claramente replicado - ainda que adaptado a esta realidade concreta - mas as referências são por demais evidentes para não o compreendermos com a sua fonte de inspiração... A droga... a sanita (momento literalmente reproduzido)... o roubo... a fuga... e finalmente o reencontro entre dois amigos que o tempo separou mas que não esqueceram como se "reencontrar" num universo só deles... muito próprio e que ambos acabam por utilizar como forma de uma despedida que ao espectador não interessa ver.
Não é tenso nem tão pouco um daqueles filmes com uma mensagem etérea ou fora do normal que nos leva a recordá-lo como uma obra maior do género mas, no entanto, consegue ser um daqueles filmes capazes e bem dirigidos - mesmo que com alguma óbvia inspiração noutras obras -, que essencialmente transmitem ao espectador uma certa ideia de juventude perdida... de uma realidade que tem de ser finalmente abraçada e compreendida como aquilo que existe, ou melhor até, como aquilo que resta... não querendo também eu ser um replicador de inspirações mas não poderia encontrar melhor descrição para este filme ao utilizar o título de um outro (sem que entre eles exista qualquer tipo de relação)... El Último Vals (de J. S) é, no fundo, o espelhar do "tempo que resta"...
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