O Homem de Areia de José Manuel González e que conta com as participação de Hugo Silva, María Valverde, Samuel Le Bihan, Irene Visedo e Alberto Jiménez, é um filme que decorre durante a década de 60 numa instalação psiquiátrica esquecida na Espanha franquista.
Ali eram deixados e esquecidos todos aqueles que pudessem ser uma vergonha para a moral e bons costumes que o regime implantava de forma a que nunca mais fossem lembrados por ninguém. As suas condições eram mínimas e os deus direitos nenhuns. No entanto a sua humanidade não estava desaparecida.
É ali que chega Mateo (Hugo Silva) marginalizado desde jovem por ter enfrentado um general franquista que, à sua chegada, se apaixona por Lola (María Valverde) também lá presa por ter morto a sua mãe que se havia mantido em silêncio durante anos e anos de abusos que sofreu às mãos de familiares.
O amor e a cumplicidade entre ambos haveria de nascer através de pequenos gestos de simpatia e amizade e haveria de perdurar para sempre.
Através de uma história de clausura e de afastamento da sociedade temos também momentos (mais do que aqueles que poderemos à partida pensar) em que a esperança e a mudança são mais fortes do que qualquer outro elemento. Temos isso através dos breves momentos reflexivos em que as personagens de Mateo e Lola se sentam num telhado inacabado a ver um oceano que se encontra bem distante.
É também engraçado de reparar como a decadência do edifício do hospital se enquadra perfeitamente aos anos finais do regime franquista, que é como quem diz decadente e a ruir, e como as esperanças dos que lá estavam se enquadram também em termos históricos nos anos seguintes à queda deste regime antiquado e estrangulador.
Finalmente, acima da própria história do regime está sim a história de esperança e de amor, de amizade e de cumplicidades brilhantemente interpretada não só pelos actores principais como pelo vasto conjunto de secundários que vão aparecendo ao longo do filme.
No entanto, é impossível não destacar a presença dos dois actores principais em que se sente uma franca empatia entre ambos e funcionam muito bem como o par não totalmente declarado do filme. O filme é realmente deles. De um Hugo Silva no seu primeiro grande papel no cinema, e de uma María Valverde contida mas dominante através do seu olhar vazio e revoltado.
Falar deste filme e não falar da sua banda-sonora seria algo impossível pois é com toda a certeza um dos elementos mais característicos do filme. Cristina Pato e Raquel Pato compõem-na criando um ambiente muito característico ao som vibrante e emocionante da gaita-de-foles.
8 / 10
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