quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Broken Clouds (2011)

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Broken Clouds (Nuvens Quebradas) de Yuri Alves era uma das curta-metragens mais aguardadas do Córtex 2011 em Sintra, naquela que foi uma noite muito "fria" em termos de público presente.
Esta curta-metragem decorre num futuro mais ou menos distante onde a Humanidade tal como a conhecemos presentemente já deixou de existir. As plantas não crescem e os sobreviventes são quase uma miragem. Acompanhamos um na viagem que faz para um local onde, constam rumores, elas conseguem florescer numa tentativa de recomeçar a vida no planeta e, ao mesmo tempo, através de flashbacks percebemos que ele perdeu o amor que em tempos teve.
Estes filmes catástrofe despertam sempre uma grande curiosidade na maioria dos cinéfilos. Uns por verem como poderia "ser" o mundo após um qualquer cataclismo (natural ou devido à acção do Homem), outros porque procuram uma história de sobrevivência. O que é certo é que na maioria deles temos um pouco de tudo. E certo é também que nos últimos anos a quantidade de filmes que abordam esta temática é imensa. Só este ano podemos citar além deste filme, Contágio, Fase 7, Stake Land e nenhum deles que é abafado pelos outros pois, apesar das temáticas serem próximas, a cinematografia consegue, de uma ou outra forma, torná-los únicos.
Única é também a premissa base deste tipo de filmes... a sobrevivência. Quer seja física, espiritual, da dignidade, da liberdade, da esperança... A sobrevivência está inerente a todas estas histórias.
Este Broken Clouds tem a particularidade de ser de um realizador luso-brasileiro, tornando-o assim numa estreia desta temática para a cinematografia nacional (ok, é maioritariamente produzida pelos Estados Unidos, mas...) e conseguir ser um filme bem coerente, e do qual assumo não me importar que tivesse sido uma longa-metragem pois tem todo o potencial para isso.
Interessante é também o trabalho de fotografia que esteve a cargo do próprio Yuri Alves e que consegue recriar e especificar claramente dois momentos distintos. Os flashbacks onde a luz irradia numa clara alusão à presença de vida e, por outro lado, os momentos pós queda da Humanidade todos em tons carregados e despojados de vivacidade numa clara representação da morte da vida no planeta.
Com esta curta o realizador Yuri Alves coloca a fasquia bem alta para o seu próximo trabalho o que, a meu ver, é bastante positivo pois a qualidade que aqui apresenta é digna de ser vista e apreciada pelos cinéfilos que anseiam cada vez mais por este cinema de qualidade que felizmente invade o cinema português.
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"Human evolution... just one long, drawn out suicide."
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9 / 10
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2 comentários:

  1. Fazer cinema é difícil, mas "ver" cinema... também não é fácil.
    A crítica/comentário feita acima, é de quem sabe muito bem... "ver" cinema.

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  2. Muito agradeço o comentário e elogio. É bom saber que o meu trabalho é apreciado :)

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