O Livro de Eli de Albert Hughes e Allen Hughes tem como actor principal esse grande actor que é Denzel Washington, muito bem secundado por Gary Oldman, Jennifer Beals e Mila Kunis.
O filme centra-se num período pós-apocaliptíco onde a vida no planeta se encontra basicamente na extinção e em que a pouca que existe está literalmente na decadência ou sob o jugo de gangs e mafias que controlam os poucos recursos que podem ajudar à sobrevivência.
Pelo meio deparamo-nos com Eli (Washington) que vimos a descobrir transportar algo importante demais para a Humanidade e que tem de esconder de alguns desses gangs que o procuram incansavelmente. Um livro. Um livro considerado importante e perigoso demais se cair nas mãos erradas.
Mãos essas que são "personificadas" pelo líder de um dos gangs... Carnegie (Oldman) que o procura sem olhar a meios e sem se importar sobre de quem tem de prejudicar ou matar para o obter.
Seguindo uma já longa tradição de filmes catástrofe que de tempos a tempos emergem a um ritmo assustador no panorama, este O Livro de Eli não foge, como tantos outros, a alguns lugares comuns que afirmo não lhe tiram interesse.
Podemos aqui, tal como em muitos outros, assistir a um mundo completamente decadente. Sem valores nem princípios e onde a lei do mais forte impera até aos últimos instantes. Temos o controle dos recursos por parte das mafias sobreviventes que para manter o controle e a opressão tudo fazem por mais desumano que seja. Temos o justiceiro, o homem de bem, que tudo sacrifica, incluindo a si próprio, para salvaguardar um último grande tesouro que possa mais tarde vir a salvar a Humanidade, mais que não seja se forma espiritual.
Temos no fundo um panorama totalmente desolador e fétido que chegamos ao ponto de por vezes pensar "será ali que vamos chegar?"... Olhar para imagens das cidades que hoje conhecemos como magnificientes e para a possibilidade do que elas poderiam ser um dia é no mínimo desolador. Morte e destruição é o que vemos povoar os espaços que hoje transbordam vida e confusão.
Com alguns efeitos especiais interessantes e um trabalho de fotografia da autoria de Don Burgess suficientemente bom pois consegue recriar, arrisco dizer de forma perfeita, a imagem e a ideia de um mundo morto e sem esperança.
A pouca que consegue resistir é sem dúvida graças ao magnífico, como sempre, trabalho de Denzel Washington que interpreta aqui o papel de um homem solitário, sem qualquer necessidade ou vontade de criar laços mas com uma missão que é para ele mais importante que a própria vida, e a qual sabemos irá dar por concluída.
De destacar o segmento final do filme pela curiosidade de como a outrora maior prisão do mundo, Alcatraz, seria no momento o maior arquivo de livros e obras de arte de todo o mundo.
Comparando este O Livro de Eli com outro estreado também este ano, A Estrada, será seguro dizer que o que separa este último para melhor é a capacidade de demonstrar o sacrifício e o amor por outro ser humano em todo o seu limite, algo que neste Eli, é inexistente e apenas limitado a situações de maior acção e alguma violência.
Não deixa no entanto de ser um filme bem executado e que sim, faz-nos reflectir em variados assuntos, nomeadamente o potencial que poderíamos retirar de um planeta com que só nos preocupamos para desgatar, bem como com a capacidade que temos de poder fazer uma diferença e empenharmo-nos nalgum tipo de causa e não simplesmente olhar para o outro lado. Não será um filme "maior" mas ao mesmo tempo não deixa de ser um filme muito interessante.
8 / 10
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