36 Vistas do Monte Saint-Loup de Jacques Rivette, e até à data a última obra do realizador, que esteve presente no Festival Internacional de Cinema de Veneza em competição em 2009, conta-nos a história de Kate (Jane Birkin) e de Vittorio (Sergio Castellitto).
De regresso a casa depois da súbita morte do pai, Kate (Birkin) vê-se auxiliada por Vittorio (Castellitto) numa estrada deserta após o seu carro avariar. Vittorio nutre um imediato fascínio por Kate e pela sua vida circense, mantendo-se por perto dela e de todos os seus ex-companheiros circenses, ao ponto de participar inclusivé num último número que parece não ter fim.
Por entre partilhas mais ou menos reservadas sobre os seus passados, cada um vai declarando a Vittorio qual o seu lugar naquela arte, naquele grupo e o fascínio imediato que ele sentira por Kate começa a manifestar-se por parte dos outros artistas de circo para com ele. No entanto, uma vez chegado o fim da temporada, todos terão de seguir o seu próprio caminho... resta saber qual será...
O argumento da autoria de Jacques Rivette, Pascal Bonitzer, Christine Laurent, Shirel Amitay e Sergio Castellitto transporta-nos para uma realidade que imagina surja na vida de todos uma ou duas vezes ao longo da mesma... "o que fazer "agora"?"... e é nesta realidade que co-habitamos ao longo de pouco mais de oitenta minutos mas de uma forma que nos faz questionar se estamos realmente a assistir a um filme com actores que representam ou se não estão eles próprios a pensar nessa questão como se da sua própria vida, e não a de uma personagem, se tratasse.
Num deambular ora frenético ora enfadonho, que nos leva a desejar que ocorra um violento sismo muito rapidamente, encontramo-nos quer dentro de um circo pouco povoado graças a um espectáculo ao qual já ninguém acha graça (não é de estranhar), como também somos levados aos "bastidores" do mesmo onde vivem os seus artistas. Se por um lado o espectáculo não tem graça, as vivências destas artistas tão pouco ajudam mostrando uma série de questões por resolver e das quais nunca nos é dada a conhecer grande justificação ou origem sendo apenas insinuados alguns dramas sentimentais e familiares por resolver, mostrando que as vidas destas pessoas por detrás dos "artistas" é bem mais cinzenta do que a realidade que pretendem transmitir aos demais. Talvez por isso o próprio espectáculo tenha perdido a graça que em tempos talvez tenha alcançado e também talvez por esse motivo a química que se tenta encontrar entre "Kate" e "Vittorio" seja tão opaca como as interpretações dos dois actores que lhes dão vida... e se de Jane Birkin apenas conhecia pela vertente musical de há largos anos, de Sergio Castellitto isto foi uma francamente decepcionante registo a que assisti.
Pouco mais tenho a registar sobre este filme além do facto de ser cansativo e pouco apelativo logo a partir dos cinco minutos de duração. Aos resistentes e curiosos, admiradores de Castellitto como eu sou, aconselho a verem este filme que nada valoriza o trabalho deste grande actor... para quem espera, no entanto, uma reflexão sobre as encruzilhadas da vida... é preferível escolherem outro filme para ver.
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