A Criatura da Montanha de David Hogan é um daqueles filmes que sabemos ir detestar mas que somos incapazes de perder pois constituem bons momentos de paródia que tão depressa não iremos esquecer.
Neste filme somos remetidos para a pequena cidade de Ascension (decorrem sempre numa localidade de quem nunca ninguém ouviu falar), onde Thomas (Ed Quinn) e toda a sua equipa, que trabalha no Monte Lincoln, são interrompidos por sucessivos abalos de terra que fazem alguns acidentes e vítimas.
Por sua vez Grace (Cindy Busby), a jovem irmã de Thomas, prepara-se para uma aventura pela floresta e montanha com o namorado Jerrod (James Kirk), como forma de escapar aos constantes momentos de insanidade do pai, William (William B. Davis), sobre o fim do mundo às "mãos" de uma temida criatura que vive no interior do planeta.
Como se tudo isto já não bastasse para termos aqui um suculento enredo, temos ainda a presença de uma equipa de geólogos da qual se destaca Emily (Pascale Hutton), antiga namorada de Thomas que agora regressa à sua pequena cidade natal e investigar tão misteriosos tremores, bem como chega à cida Jack (Ty Olsson), o militar de serviço encarregue de investigar um (mais um) estranho acontecimento... uma carteira perdida.
Depois desta pequena mas detalhada apresentação, quase era escusado dizer que afinal o pai não era assim tão lunático quanto isso pois existe realmente uma criatura medonha (mais ou menos) e gigante (mas que quase ninguém a viu antes) no interior do planeta preparado para eliminar tudo e todos, que se movimenta por entre as árvores sem quase derrubar nenhuma (milagre) até ao momento em que se decide revelar a todos.
Igualmente escusado seria também referir que afinal a misteriosa carteira não desapareceu por grande "mistério" mas sim pelas silenciosas (como é que é possível) investidas do monstro, que a jovem e o seu namorado não irão ter grande sucesso na sua relação mas que, por sua vez, os antigos namorados de liceu voltam a reencontrar-se e assumir uma relação que nos deixa esperança num qualquer futuro e não continuação da espécie humana.
A beleza destes filmes é que, na prática, nós já sabemos toda a sua história e desenvolvimento antes sequer dele começar não constituindo assim qualquer surpresa ou elemento novo que nos faça deslumbrar pelo seu enredo. No entanto, têm sempre "algo" que nos motiva a perder tempo a vê-los que consiste basicamente em percebermos o quão mal feitos estão. Uns mais, outros menos, mas se analisarmos bem acabamos sempre por detectar um sem número de elementos que podem passar pelas interpretações ou pelos "buracos" na história, ou os quase sempre imperfeitos efeitos especiais que fazem, neste caso, daquele monstro algo completamente surreal que se baba por todo o lado e não deixa de ser uma mistura de vários animais conhecidos da nossa praça que ali estranhamente se uniram, e que assim o tornam frágil, muito frágil, mas que ainda assim não deixam de possuir a sua magia e alimentar-nos cerca de hora e meia do nosso tempo.
Na realidade aquilo que nós mais queremos ver neste estilo de filme é quão grande será a destruíção provocada por aquele monstro imaginário em quem ninguém acredita. Irá ele destruir a vila, um Estado... o mundo inteiro? E é à custa disto que ali estamos impávidos e serenos a aguardar até perceber qual a "triste" realidade que o, ao monstro, espera. E é também verdade que queremos ver algum dos romances que renascem a ser abruptamente terminados pela devastação deste monstro que não cede nem ao amor... e que morte mais... absurda (do qual o género é bem prolífero).
É mais do que óbvio desde muito cedo que este não será o melhor filme do mundo, nem tão pouco um filme que qualquer um de nós possa dizer que é simplesmente "bom". No entanto, algo de enigmático e cativante deve ter pois duvido que exista muita gente que se possa gabar de não o ter visto... Este ou qualquer outro do género que coloque uma anaconda, um monstro, uma abelha ou uma aranha disforme com manias de grandeza e que pretende conquistar e dominar o mundo à sua própria maneira seja ela qual fôr.
Dito isto, é o tipo de filme que vale pelo que é (não é nem vale muito)... Uma distracção através do quão mau consegue ser mas que, ainda assim, nos fascina e nos prende ao ecrã, mas do qual pouco ou nada iremos recordar.
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2 / 10
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