A Breath of Peace de Rui Pedro Sousa é um documentário / diário de viagem em formato de curta-metragem português e o mais recente trabalho do realizador de Tsintty (2013).
Tendo como ponto de partida os brutais atentados terroristas de 13 de Novembro de 2015, em Paris que provocaram a morte de 130 pessoas, uma viagem à cidade luz três dias depois poderia parecer improvável. Num breve registo documental, eis Paris pelo olhar deste realizador português.
Quando o imaginário do terror e da desolação deixam de estar apenas no ecrã e nós, comuns cidadãos, nos vemos a braços com o mesmo e com o breve que pode ser a vida e a liberdade de cada um, resta a curiosidade sobre aquilo que fica no "depois" de um trágico acontecimento. Quando a pergunta que permanece na nossa mente é "e agora?", eis que surge a necessidade de testemunhar aquilo que ficou.
Quando o imaginário do terror e da desolação deixam de estar apenas no ecrã e nós, comuns cidadãos, nos vemos a braços com o mesmo e com o breve que pode ser a vida e a liberdade de cada um, resta a curiosidade sobre aquilo que fica no "depois" de um trágico acontecimento. Quando a pergunta que permanece na nossa mente é "e agora?", eis que surge a necessidade de testemunhar aquilo que ficou.
Tendo esta premissa como a base fundamental para A Breath of Peace, o realizador Rui Pedro Sousa volta a apresentar uma curta-metragem / diário de viagem que prima pela presença de um elevado sentido humanista e a perfeita noção de que é necessário registar a continuidade de uma vida - até então - que tinha como primado inquestionado a liberdade. Não cedendo ao medo, ao terror, à barbárie e ao terrorismo per si, o realizador encetou uma viagem já planeada mas agora como uma nova dimensão no seu propósito. Como estará Paris? Como vive a cidade pós um dos mais brutais ataques de que fora alvo desde os dias negros da guerra da década de 40 do século passado em que se vira também então, privada desse primado supremo como o é a liberdade?
Com o recurso a brilhantes discursos de três personalidades marcantes na História - cada um à sua maneira individual - como o são Robert Kennedy, Charles Chaplin ou a jovem Ellen Page, Rui Pedro Sousa leva o espectador a uma fundamental e indispensável viagem pela cidade onde, por recantos mais ou menos "pequenos" e outros internacionalmente identificados, se sente que ainda que abalada e a tremer pela barbárie, Paris encontra-se de pé, eterna e com a constante necessidade de saber acolher e celebrar a vida dos que ficaram... homenageando os que partiram.
Sem ceder à guerra, às armas, ao terror e ao medo, A Breath of Peace celebra uma visão sobre uma cidade que resiste, que reaprende a viver e que se mantém eterna redimindo-se com a sua História, com as suas mágoas, com a sua saudade mas sobretudo com a sua magnificência.
Não sendo eu realizador mas um atento espectador sobre os potenciais estados de alma que aqueles que o são tentam captar e transmitir, afirmo sem nenhuma reserva que Rui Pedro Sousa capta/captou a essência e a alma de uma cidade que me é querida. Uma cidade que comunica pela sua cultura, pela sua forma de deixar e fazer viver e que ainda que ferida não deixará a sua multiculturalidade e a vontade de fazer próximos aqueles que são distantes.
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8 / 10
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