No Deserto de Lino M. Gomes - também o autor do argumento - é uma curta-metragem portuguesa de ficção que numa mescla de realidade e ficção levam Miguel (Luís Oliveira) a uma inesperada aventura ao cruzar-se com uma misteriosa e sedutora Samirah (Vânia Rodrigues).
O argumento de No Deserto transporta o espectador para uma viagem que o faz perder nos primeiros instantes. Incerto não só sobre as origens como também sobre o destino do protagonista, o espectador concentra-se na "chegada" de "Miguel" a um proeminente deserto que o próprio desconhece como ali chegou. Divagando pelo calor que se faz sentir e incerto sobre qual o seu destino, "Miguel" alucina com uma jovem bailarina por quem se sente - em sonho - imediatamente atraído. Mas... algo parece idêntico a uma realidade que (de momento) desconhece tanto ele... como o espectador.
No mundo real - o seu - "Miguel" leva uma vida aparentemente normal... Percorrendo as ruas de uma cidade igual a tantas outras, ele leva uma existência normal até que passa por uma mulher... Será a mesma dos seus sonhos? Ou será esta o reflexo daquele com quem se cruzou? Imaginação ou a vivência de uma realidade paralela?
Momentos marcantes... sinais identificativos... Realidades paralelas... Temos um pouco de tudo em No Deserto, facto que leva o espectador a perder-se na incerteza da realidade dos protagonistas, o que se agudiza com a presença de um grupo de inesperados criminosos que espreitam sem um motivo aparente mas que apenas confirmam que do inesperado - ainda que transgressor - pode surgir a confirmação de um destino por escrever... já estando escrito.
No Deserto apresenta uma dinâmica interessante do ponto de vista oscilante entre a realidade e a ficção (das personagens claro está) bem como pela ideia de que o futuro está - de certa forma - escrito desde o primeiro instante, sendo todas as adversidades colocadas no caminho pequenos detalhes que fazem com que a vitória saiba a uma conquista relativamente inesperada. No entanto, a curta-metragem de Lino M. Gomes denota também as suas fragilidades com alguma "incoerência" no segmento que tenta unir a ficção - de "Miguel" - à sua realidade, ou seja, quem são aqueles improváveis vilões? Quais as suas motivações? Quais os seus propósitos? O que os fez perseguir um pacato "Miguel" metido na sua própria vida?
Este segmento - do restaurante árabe - não prejudicando a dinâmica sentida na história do protagonista torna-a, por momentos, mais frágil na medida em que o espectador se perde com um momento tido como elo de ligação entre os dois segmentos mas que, sem explicação ou motivações explícitas, transforma o mesmo num momento difuso entre ambos.
Com uma interessante e bem captada direcção de fotografia de Rodrigo Caetano que cria uma dinâmica interessante entre sonho e realidade, No Deserto destaca-se ainda pela sua música original de Filipe Goulart e Diogo Jourdan que confere uma atmosfera mística e romântica à relação entre os dois protagonistas.
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6 / 10
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