IEC Long de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata é um documentário em formato de curta-metragem e um dos mais recentes trabalhos da dupla de realizadores de A Última Vez que Vi Macau, filme vencedor do Sophia de Melhor Filme atribuído pela Academia Portuguesa de Cinema.
Naquela que é uma revisita a Macau, a dupla de realizadores apresenta ao espectador um documentário onde pode conhecer um pouco mais da antiga região administrativa portuguesa e principalmente uma das outrora mais importantes actividades - culturais e económicas - da zona que se prende com a produção de panchões (cartucho de pólvora usado tradicionalmente no Ano Novo Chinês).
Numa fase inicial deste documentário, o espectador é levado por uma viagem à ilha onde um conjunto de actividades lúdicas decorrem e claro, estando sempre presente o panchão acesso com um pau de incenso para afugentar - segundo rezam as lendas - um animal sobrenatural. É então, num segundo momento de IEC Long que o espectador é então levado a uma viagem à antiga fábrica de panchões - agora em ruínas - mas que em tempos foi um dos mais importantes elementos da vida económica da região contribuindo para muito do consumo da própria China e confundindo-se a sua existência com a própria História de Macau.
"A vida do Homem é presa de fantasmas" diz Teng, um seu antigo operário da fábrica, que faz uma visita guiada pelas agora ruínas da mesma que, fechada desde o início dos anos 70 do século passado, é agora considerada como património de interesse cultural e passível de recuperação para posterior transformação em atracção turística.
Interessante de um ponto de vista histório, IEC Long peca unicamente pela pouca proximidade que o espectador comum pode ter para com o antigo território sob administração portuguesa sendo, no entanto, mais um dinâmico trabalho da dupla de realizadores que se mantém por terras asiáticas a recuperar parte de um imaginário colectivo português pouco estudado - e ainda menos filmado - desbravando um terreno que será certamente rico em histórias - reais e ficcionadas - e que poderia (poderá?) ultrapassar fronteiras e momento muito "europeus".
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