Outubro Acabou de Karen Akerman, Miguel Seabra Lopes e António Akerman Seabra é uma curta-metragem luso-brasileira na qual uma jovem criança se prepara para filmar a sua grande obra cinematográfica.
Com a ajuda dos pais, este menino sonha e deseja criar um filme feito inteiramente pelo seu pulso e através de um conjunto de imagens que capta diariamente. Mas, insatisfeito com aquilo que consegue filmar, os seus sonhos (ou pesadelos) tornam-se cada vez mais intensos e preocupantes.
Num registo de cinema familiar, Outubro Acabou tem um conjunto de elementos interessantes não só sobre a sua feitura - como uma jovem criança sente que precisa criar uma obra cinematográfica que valide a sua presença no mundo - como também reais - quando se sente confrontado com a realidade do mundo e dos (inexistentes) apoios cinematográficos - e simbólicas - se pensarmos numa vertente em que o próprio título (Outubro) e a cor vermelha do seu pijama e de alguns apontamentos ao longo da curta-metragem - lençol, sapatos, unhas... - que remetem imediatamente para um período soviético ou, mais concretamente Oktyabr (1928) - Outubro -, de Eisentein que, tal como a obra do casal Akerman/Seabra Lopes e do seu jovem filho, também se assume como uma obra documental mas... em períodos e contextos históricos assumidamente distintos.
Aqui o foco é a necessidade de criar uma obra... um registo de um momento... uma marca de uma presença sentida pelo jovem António Akerman Seabra que levam o espectador a acompanhar todo o processo de criação desde a filmagem à edição sem esquecer claro o óbvio argumento/narrativa e, dessa forma, poder contemplar uma continuidade não há obra em si - apesar de implícito - mas sim ao registo de memórias, do tempo, das pessoas e, no fundo, da sua existência como um todo.
No final, quanto Outubro finalmente acaba, a obra está concluída com o recurso às suas próprias imagens - de António - aquando do seu nascimento. No fundo Outubro acaba... com o nascimento do seu próprio criador.
Interessante de um ponto de vista simbólico, e de certa forma, talvez a principal, numa perspectiva familiar e de construção de obra em conjunto, Outubro Acabou - grande vencedora da última edição do Córtex - Festival de Curtas-Metragens de Sintra - pode ser uma obra terna e algo cúmplice mas no final poderá não chegar a um público mais abrangente não só graças à sua duração como principalmente por essa vertente mais íntima que não chegará a todos os públicos.
Com a ajuda dos pais, este menino sonha e deseja criar um filme feito inteiramente pelo seu pulso e através de um conjunto de imagens que capta diariamente. Mas, insatisfeito com aquilo que consegue filmar, os seus sonhos (ou pesadelos) tornam-se cada vez mais intensos e preocupantes.
Num registo de cinema familiar, Outubro Acabou tem um conjunto de elementos interessantes não só sobre a sua feitura - como uma jovem criança sente que precisa criar uma obra cinematográfica que valide a sua presença no mundo - como também reais - quando se sente confrontado com a realidade do mundo e dos (inexistentes) apoios cinematográficos - e simbólicas - se pensarmos numa vertente em que o próprio título (Outubro) e a cor vermelha do seu pijama e de alguns apontamentos ao longo da curta-metragem - lençol, sapatos, unhas... - que remetem imediatamente para um período soviético ou, mais concretamente Oktyabr (1928) - Outubro -, de Eisentein que, tal como a obra do casal Akerman/Seabra Lopes e do seu jovem filho, também se assume como uma obra documental mas... em períodos e contextos históricos assumidamente distintos.
Aqui o foco é a necessidade de criar uma obra... um registo de um momento... uma marca de uma presença sentida pelo jovem António Akerman Seabra que levam o espectador a acompanhar todo o processo de criação desde a filmagem à edição sem esquecer claro o óbvio argumento/narrativa e, dessa forma, poder contemplar uma continuidade não há obra em si - apesar de implícito - mas sim ao registo de memórias, do tempo, das pessoas e, no fundo, da sua existência como um todo.
No final, quanto Outubro finalmente acaba, a obra está concluída com o recurso às suas próprias imagens - de António - aquando do seu nascimento. No fundo Outubro acaba... com o nascimento do seu próprio criador.
Interessante de um ponto de vista simbólico, e de certa forma, talvez a principal, numa perspectiva familiar e de construção de obra em conjunto, Outubro Acabou - grande vencedora da última edição do Córtex - Festival de Curtas-Metragens de Sintra - pode ser uma obra terna e algo cúmplice mas no final poderá não chegar a um público mais abrangente não só graças à sua duração como principalmente por essa vertente mais íntima que não chegará a todos os públicos.
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