segunda-feira, 23 de maio de 2016

Olhos Pretos, Cabelo Azul (2012)

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Olhos Pretos, Cabelo Azul de João Meirinhos e Emanuel Garcia é uma curta-metragem portuguesa de ficção que leva o espectador à mente - e ao comportamento - de uma jovem mulher incapaz de controlar os seus impulsos sexuais. Ela (Vanessa Guimarães) vive no isolamento de um pequeno apartamento com as comodidades básicas para a sua sobrevivência. O namorado (Francisco Sousa) está de viagem. Ela deseja mais e encontra-o num amante (Emílio Mota) ocasional e num Voyeur (João Reis) como atrelado. Poderá ela conseguir manter uma relação de aparente conveniência e que não a satisfaz?
João Meirinhos entrega, enquanto argumentista, uma história (não) simples sobre a dupla personalidade de uma jovem mulher que (re)age conforme a sua solidão. Enquanto acompanhada pelo seu namorado, esta mulher perde-se em devaneios infantis e sexuais que com ele satisfaz como se mais ninguém existisse no mundo. No entanto, uma vez separada dele - ainda que momentaneamente - pergunta-se sobre como poderão ser preenchidos estes vazios "sentimentais".
Sem uma ocupação profissional (legal) com que ocupar o seu tempo, os seus rendimentos provêm de encontros sexuais que provoca via redes sociais e que a satisfazem não só sexualmente como economicamente. Assim, num dilema entre solidão versus relação, esta mulher divaga numa espiral lunática e decadente que parece ser limitada a um futuro próximo.
Ainda que as intenções sobre a decadência da mente humana e a vontade de encontrar um "complemento" junto do "outro" expressas em Olhos Pretos, Cabelo Azul, a realidade é que esta curta-metragem está longe de cumprir os requisitos mínimos para que o desfecho final não seja mais do que um cómico de situação sobre os limites - ou falta deles - da devassidão e da plena satisfação.
Com um conjunto de interpretações medianas, especialmente da protagonista de quem se pedia muito mais e muito melhor, o espectador tem apenas um vislumbre sobre a sua mente - que apenas poderá igualar à decadência e degradação das imagens que a própria vê no vídeo - completa com momentos e formas de atingir uma plenitude económico-sexual instantâneas mas que, na realidade, pouco mais que isso lhe irão conferir.
Com excertos que oscilam entre as mais pobres sitcoms televisivas e alguma incoerência fruto de um amadorismo inocente, reconhecendo no entanto as boas intenções com que esta curta-metragem tentou ser elaborada, Olhos Pretos, Cabelo Azul está para lá da convicção de uma obra simples e com objectivos entrando estrondosamente na dinâmica do "pobre mas feliz".
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2 / 10
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