Fora da Vida de João Miller Guerra e Filipa Reis é uma curta-metragem portuguesa estreada na passada edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema e que encontra agora a sua estreia comercial em complemento a O Indispensável Treino da Vagueza também desta dupla de realizadores.
Um retrato de um Portugal deste 2015 onde o tempo escapa muito rapidamente entre os dedos. Um Portugal que se desvanece numa rede de obrigações onde o "eu" tem como única função o trabalho e a sobrevivência para resistir mais um dia. Um país perdido entre as redes sociais factuais e os papéis ditos "típicos" que se desvanecem e alteram.
A dupla João Miller Guerra e Filipa Reis volta a entregar um interessante filme que trespassa e interliga as fronteiras entre o documentário e a ficção relatando a forma como pessoas comuns que vivem nas margens das grandes cidades podem e conseguem ultrapassar os seus dias no seio de um conjunto de tarefas que têm como fim último a sua sobrevivência.
Desde as pequenas tarefas diárias aos serviços que se fazem como forma de ter um rendimento extra, Fora da Vida analisa a forma como cada uma destas pessoas aqui retratadas conseguem ultrapassar os dias num Portugal que se encontra num processo de transformação sem rumo certo.
Ao mesmo tempo, esta curta-metragem documental aborda a forma como os papéis sociais típicos de outros tempos se alteraram primeiro pela forma como se relata que agora também os pais ficam em casa com os seus filhos ou até lhes mudam a fralda - tarefa tida como materna noutros tempos - ou até como a figura materna é agora tão mais ausente e distante do que noutros tempos. Observamos também como estudantes precisam ao mesmo tempo de trabalhar deixando um pouco aquela ideia de que só estão agarrados a livros ou até como a maternidade que há alguns anos chegava em jovem idade e agora já tarde nos 30's.
No entanto, e para além da silenciosa presença desta dupla de realizadores que estando presente não se faz notar, é também curioso observar a sua abordagem a estas diferentes pessoas de diversas gerações e de vários locais onde Portugal marcou presença encontrarem agora neste país transformado e em crise económica e de identidade o seu lugar. Um lugar ao qual sentem pertencer - e pertencem - que longe das suas origens é agora a sua casa. A multiculturalidade que fez de Portugal um "país dos cinco continentes" é tida como uma sua natural característica não questionada mas observada num silêncio que, não fosse essa dita crise, seria reconfortante.
Fora da Vida marca assim um novo regime ao cinema social que a dupla de realizadores tem vindo a registar ao longo da sua carreira e mais uma interessante e cândida abordagem às populações das margens... aquelas que sem certezas vivem anonimamente o seu dia-a-dia na esperança de que o amanhã seja um pouco melhor ou pelo menos com um pouco mais de esperança.
Um retrato de um Portugal deste 2015 onde o tempo escapa muito rapidamente entre os dedos. Um Portugal que se desvanece numa rede de obrigações onde o "eu" tem como única função o trabalho e a sobrevivência para resistir mais um dia. Um país perdido entre as redes sociais factuais e os papéis ditos "típicos" que se desvanecem e alteram.
A dupla João Miller Guerra e Filipa Reis volta a entregar um interessante filme que trespassa e interliga as fronteiras entre o documentário e a ficção relatando a forma como pessoas comuns que vivem nas margens das grandes cidades podem e conseguem ultrapassar os seus dias no seio de um conjunto de tarefas que têm como fim último a sua sobrevivência.
Desde as pequenas tarefas diárias aos serviços que se fazem como forma de ter um rendimento extra, Fora da Vida analisa a forma como cada uma destas pessoas aqui retratadas conseguem ultrapassar os dias num Portugal que se encontra num processo de transformação sem rumo certo.
Ao mesmo tempo, esta curta-metragem documental aborda a forma como os papéis sociais típicos de outros tempos se alteraram primeiro pela forma como se relata que agora também os pais ficam em casa com os seus filhos ou até lhes mudam a fralda - tarefa tida como materna noutros tempos - ou até como a figura materna é agora tão mais ausente e distante do que noutros tempos. Observamos também como estudantes precisam ao mesmo tempo de trabalhar deixando um pouco aquela ideia de que só estão agarrados a livros ou até como a maternidade que há alguns anos chegava em jovem idade e agora já tarde nos 30's.
No entanto, e para além da silenciosa presença desta dupla de realizadores que estando presente não se faz notar, é também curioso observar a sua abordagem a estas diferentes pessoas de diversas gerações e de vários locais onde Portugal marcou presença encontrarem agora neste país transformado e em crise económica e de identidade o seu lugar. Um lugar ao qual sentem pertencer - e pertencem - que longe das suas origens é agora a sua casa. A multiculturalidade que fez de Portugal um "país dos cinco continentes" é tida como uma sua natural característica não questionada mas observada num silêncio que, não fosse essa dita crise, seria reconfortante.
Fora da Vida marca assim um novo regime ao cinema social que a dupla de realizadores tem vindo a registar ao longo da sua carreira e mais uma interessante e cândida abordagem às populações das margens... aquelas que sem certezas vivem anonimamente o seu dia-a-dia na esperança de que o amanhã seja um pouco melhor ou pelo menos com um pouco mais de esperança.
.
.
7 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário