As He Lay Falling de Ian Waugh é uma curta-metragem britânia de ficção que fez parte da secção Internacional da sexta edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción que decorreu até ao passado dia 9 de Maio na Cantábria, em Espanha.
Georgios (Christopher Greco) viajou para a Escócia desde a Grécia. Numa das aldeias mais remotas das Highlands escocesas ele tenta reconstruir uma vida deixando para trás tudo o que o liga às suas origens.
Envolvendo-se fisicamente com Bronte (Simone Lahbib) e provocando as invejas de William (Bill Fellows), Georgios tem de aprender não só a desaparecer - do passado - e encontrar uma forma de se envolver - com o presente.
Num misto de história de fuga e redescoberta de um lugar onde se inserir, Ian Waugh consegue com o seu argumento entrar nas profundezas de um local que parece destinado a esconder aqueles que fogem de um passado que, de alguma forma, os persegue. Assim são apresentadas as Highlands de uma Escócia profunda que tão rude é climatericamente como a nível daqueles que nela viram o seu novo espaço para viver. Rudeza essa que se afirma como apropriada para receber aqueles que fogem de algo e que se sujeitam a uma exploração barata em nome da sua própria sobrevivência satisfazendo as suas necessidades básicas e, ao mesmo tempo, garantindo ao elemento mais elevado da pirâmide a satisfação dos seus caprichos mais animalescos.
Longe de qualquer sentimentalismo que apenas surge num único momento quando "Georgios" arrisca saber um pouco daquilo que deixou para trás - por motivos que nunca nos são revelados - Christopher Greco - o actor - confere-lhe uma rudeza e indiferença ao espaço e àqueles que o rodeiam que só quebram quando sente necessidade de lutar por aquele pouco que lhe resta da sua própria dignidade. Eventualmente fugido de uma crise económica da sua Grécia natal, "Georgios" sente nesse único momento que se transformou... que é outro homem... alguém a quem a vida não sorriu e graças a todas as suas transformações, o melhor será não dar qualquer sinal da sua existência àqueles que ficaram para trás. Como alma errante, a sua única solução é seguir caminho em frente até chegar ao próximo posto onde continuará a lutar pela sua sobrevivência... mais ou menos digna.
Se é um facto que Christopher Greco tem a interpretação dominante em toda a curta-metragem conferindo-lhe a dose exacta de desespero que se pressupõe que o seu "Georgios" deva transmitir, não é menos verdade que As He Lay Falling tem toda uma qualidade técnica que entrega a este filme o ambiente perfeito para o espectador sentir a referida espiral descendente a um inferno bem real, nomeadamente através da sua direcção de fotografia da autoria de Julian Schwanitz que entrega à Escócia todo aquele imaginário de local recôndito onde apenas os mais destemidos - ou desesperados - se encontram, e todo um trabalho de caracterização de Sarah Cairncross que espelham no rosto de Greco o desespero - e por vezes desistência - que o seu "Georgios" deve transparecer.
As He Lay Falling é um filme cru sobre aqueles que se limitam a sobreviver sem esperar nada em retorno... Tal como o seu título indica, sobre aqueles que lentamente como em repouso se limitam a cair sem conseguir parar.
.
.
9 / 10
.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário