Garra Charrúa de Felipe Bravo é uma curta-metragem espanhola de ficção presente na Secção Desporto da sexta edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción que decorreu na Cantábria, em Espanha até ao passado dia 9 de Maio.
Diego (Joel Linde) tem um difícil primeiro dia de aulas quando Andrés (Alex Pecellin) o repetente e arruaceiro da escola implica com ele pelos mais diversos motivos desde a sua nacionalidade - uruguaio - passando pelo seu sotaque, comportamento e relações familiares.
Graças a todos estes elementos e ao bullying exercido por Andrés, Diego é rapidamente inserido no grupo dos inadaptados onde figuram o asmático, o "quatro olhos", o alérgico e o doente. No entanto Diego está prestes a revelar um enorme talento.
Ainda que seja oportunamente uma curta-metragem cujo enfoque principal está ligado à prática desportiva, o argumento de Garra Charrúa - nome dado à selecção uruguaia - da autoria de Felipe Bravo, Pol Cortecans e Carlos C. Tomé aborda temática bem mais profundas e que estão sempre - infelizmente - na ordem do dia como por exemplo o bullying e a xenofobia tantas vezes propagados como valores ditos "normais" e sempre sofridos em silêncio.
Aqui os argumentistas e o realizador conferem uma certa (des)humanidade a uma das personagens conseguindo de forma inteligente não usá-lo como um vilão mas sim como alguém pouco informado que, a seu tempo, encontra no "outro" o elemento que lhe faltava para se poder fomentar uma ligação e, ao mesmo tempo, ultrapassando as barreiras que são tantas vezes fruto de uma desinformação latente.
Assim, e graças também a uma inspirada interpretação de Joel Linde, Garra Charrúa transforma-se facilmente num filme com uma carga positiva muito forte que se distingue pela sua mensagem positiva contra todos aqueles mais ou menos pequenos preconceitos dos quais qualquer sociedade padece conferindo ainda a ideia de que no momento certo todos se destacam pela sua positividade e talentos. Quase como um feel-good movie, Garra Charrúa afirma-se pela sua vivacidade - e positividade - e sobretudo pela forma inteligente com que retrata a capacidade de qualquer um em vencer os seus obstáculos... mesmo quando estes pertencem aos mais bacocos preconceitos com que ocasionalmente temos (teremos) de lidar.
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8 / 10
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