Safari de Gerardo Herrero é uma curta-metragem de ficção espanhola presente na secção Nacional da sexta edição do Piélagos en Corto - Festival Internacional de Cortometrajes de Ficción que decorreu na Cantábria, em Espanha entre os dias 2 e 9 de Maio últimos, sendo também uma das curtas-metragens finalistas na sua categoria ao Goya da Academia Espanhola de Cinema.
Um dia aparentemente normal. Um instituto como tantos outros. Tudo se transforma de forma inesperada quando Bobby (Joey Jarossi) entra armado e pronto para matar.
Tragicamente para a nossa realidade, Safari de Gerardo Herrero é uma curta-metragem que pode estar livremente inspirada num dos inúmeros ataques homicidas-suicidas que têm ocorrido nos mais diversos liceus norte-americanos. Quando "Bobby" entra naquele instituto com um conjunto significativo de armamento (na prática bastaria apenas uma para já ser preocupante), o espectador perde-se de imediato com pensamentos e instintos de sobrevivência, ou seja, aquilo que o preocupa é de imediato quem, se é que alguém, vai sobreviver a este massacre.
Num liceu - local onde supostamente todos lutam por passar anónimos mas onde apenas alguns conseguem - "Bobby" atingiu o seu ponto de ruptura por motivos que nos são inicialmente ocultados. Aquilo que o espectador testemunha mais não é do que um acto bárbaro e violento que pode apenas ser o reflexo de uma juventude perturbada por um qualquer distúrbio psicológico. No entanto, o que aconteceria se fosse possível efectuar uma viagem ao passado e se conseguisse saber aquilo que sucedeu antes para transformar aquele jovem num homicida? Quem seria ele antes deste ponto de ruptura? Quais seriam, se alguns, os seus objectivos?
No fundo, aquilo que Safari obriga o espectador a ponderar é sobre o que acontece quando algum destes jovens anónimos... não o é assim tanto aos olhares daqueles que o acompanham e que o transformam num potencial alvo de todas as más intenções! Será esse tal "limite" apenas o fruto de um distúrbio psicológico ou, por sua vez, o resultado de uma perseguição implacável à qual alguém um dia cedeu?!
No mundo mordaz que é o de um liceu onde todos se tentam afirmar perante os seus pares impondo-se muitas vezes através da força e da humilhação, este liceu - como tantos outros - tem uma quantidade igual de vítimas em potência que se tornam os alvos das más intenções alheias... e nem todos resistem de igual forma. "Bobby" é assim o fruto de uma anti-socialização. O alvo "perfeito" de um conjunto de sorridentes e aceitáveis arruaceiros que se afirmam pelo seu poder económico ou social, o tal "status" académico que muitos invejam como tendo nos outros jovens de sucesso, e que estes utilizam como a forma de passarem impunes às ditas humilhações que perpetuam em silêncio. O seu silêncio como resultado da desejada impunidade... o silêncio da vítima como resultado de uma humilhação que os envergonha. E finalmente também o silêncio daqueles que incutem formação académica nos alunos mas que se esquecem de olhar por eles naqueles breves intervalos onde ninguém está realmente a "olhar".
Sem retirar responsabilidade à violência perpetrada por "Bobby", não podemos também deixar de olhar para os seus precedentes e os eventuais acontecimentos que lhe deram início. Quem seria "Bobby" antes deste fatídico dia?
Com um ritmo frenético e uma sentida tensão desde o primeiro instante em que a normalidade já não o parece, Safari destaca-se ainda por uma coordenada direcção de fotografia de Rafael Reparaz que consegue dividir esta curta-metragem no pré e pós-acontecimento captando no primeiro uma luz que irradia um futuro brilhante, e no segundo momento a sua ausência como que símbolo de um futuro perdido.
Um dia aparentemente normal. Um instituto como tantos outros. Tudo se transforma de forma inesperada quando Bobby (Joey Jarossi) entra armado e pronto para matar.
Tragicamente para a nossa realidade, Safari de Gerardo Herrero é uma curta-metragem que pode estar livremente inspirada num dos inúmeros ataques homicidas-suicidas que têm ocorrido nos mais diversos liceus norte-americanos. Quando "Bobby" entra naquele instituto com um conjunto significativo de armamento (na prática bastaria apenas uma para já ser preocupante), o espectador perde-se de imediato com pensamentos e instintos de sobrevivência, ou seja, aquilo que o preocupa é de imediato quem, se é que alguém, vai sobreviver a este massacre.
Num liceu - local onde supostamente todos lutam por passar anónimos mas onde apenas alguns conseguem - "Bobby" atingiu o seu ponto de ruptura por motivos que nos são inicialmente ocultados. Aquilo que o espectador testemunha mais não é do que um acto bárbaro e violento que pode apenas ser o reflexo de uma juventude perturbada por um qualquer distúrbio psicológico. No entanto, o que aconteceria se fosse possível efectuar uma viagem ao passado e se conseguisse saber aquilo que sucedeu antes para transformar aquele jovem num homicida? Quem seria ele antes deste ponto de ruptura? Quais seriam, se alguns, os seus objectivos?
No fundo, aquilo que Safari obriga o espectador a ponderar é sobre o que acontece quando algum destes jovens anónimos... não o é assim tanto aos olhares daqueles que o acompanham e que o transformam num potencial alvo de todas as más intenções! Será esse tal "limite" apenas o fruto de um distúrbio psicológico ou, por sua vez, o resultado de uma perseguição implacável à qual alguém um dia cedeu?!
No mundo mordaz que é o de um liceu onde todos se tentam afirmar perante os seus pares impondo-se muitas vezes através da força e da humilhação, este liceu - como tantos outros - tem uma quantidade igual de vítimas em potência que se tornam os alvos das más intenções alheias... e nem todos resistem de igual forma. "Bobby" é assim o fruto de uma anti-socialização. O alvo "perfeito" de um conjunto de sorridentes e aceitáveis arruaceiros que se afirmam pelo seu poder económico ou social, o tal "status" académico que muitos invejam como tendo nos outros jovens de sucesso, e que estes utilizam como a forma de passarem impunes às ditas humilhações que perpetuam em silêncio. O seu silêncio como resultado da desejada impunidade... o silêncio da vítima como resultado de uma humilhação que os envergonha. E finalmente também o silêncio daqueles que incutem formação académica nos alunos mas que se esquecem de olhar por eles naqueles breves intervalos onde ninguém está realmente a "olhar".
Sem retirar responsabilidade à violência perpetrada por "Bobby", não podemos também deixar de olhar para os seus precedentes e os eventuais acontecimentos que lhe deram início. Quem seria "Bobby" antes deste fatídico dia?
Com um ritmo frenético e uma sentida tensão desde o primeiro instante em que a normalidade já não o parece, Safari destaca-se ainda por uma coordenada direcção de fotografia de Rafael Reparaz que consegue dividir esta curta-metragem no pré e pós-acontecimento captando no primeiro uma luz que irradia um futuro brilhante, e no segundo momento a sua ausência como que símbolo de um futuro perdido.
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