Elizabeth de Shekhar Kapur foi o meu primeiro contacto cinematográfico com essa que é hoje, para mim, uma das maiores actrizes de sempre... Cate Blanchett.
Blanchett que aqui interpreta o papel da Raínha Virgem, Elizabeth I de Inglaterra, teve a sua primeira nomeação a um Oscar de Melhor Actriz naquele que é possivelmente, o seu maior papel de sempre, e contracenou com outros grandes vultos cinematográficos nomeadamente Joseph Fiennes, Geoffrey Rush, Christopher Eccleston, Richard Attenborough, Daniel Craig, Fanny Ardant e Vincent Cassel.
Além deste brilhante elenco, do qual surpreendentemente só Cate Blanchett foi nomeada a um Oscar, todo o filme é sem sombra para dúvidas imponente. Desde o seu argumento da autoria de Michael Hirst que compõe um retrato fiel da época em que Elizabeth subiu ao trono como Raínha de Inglaterra após o seu aprisionamento na Torre de Londres, passando pela sua difícil afirmação e confirmação enquanto Raínha.
Temos também um fiel retrato das lutas religiosas entre protestantes e católicos e todos os esquemas habituais de luta pelo poder e tentativas de usurpação de trono. Mas, e como sempre há um mas, temos aqui também muito presente, possivelmente a verdadeira história por detrás da História, um relato de uma mulher que amou, que foi enganada, traída e por fim que se fechou ao mundo dos sentimentos como única e exclusiva forma de governar sem ser ou se sentir ameaçada.
Assistimos então, nestas pouco mais de duas horas, à transformação de uma jovem idealista, sonhadora e apaixonada para uma mulher de força, de poder e isolada de todo o tipo de sentimentos mais pessoais, pelo bem de um país que se encontrava à beira da ruína.
A enriquecer aquilo que por si só já é, normalmente, uma produção de qualidade considerando que é um filme de época e que, como tal, tem sempre um enredo e História por detrás para aguçar as mentes daqueles que como eu adoram este género de filmes, temos também, como não pode deixar de ser, aqueles elementos que tornam estas produções imperdíveis nomeadamente um guarda-roupa de excelência da autoria de Alexandra Byrne que foi justamente nomeada ao Oscar na categoria e que retrata na perfeição a grandiosidade de uma época.
A banda-sonora, igualmente de topo e que cria um ambiente de perfeita sumptuosidade composta por David Hirschfelder, igualmente nomeada a Oscar, e arriscar-me-ei afirmar que foi possivelmente uma das melhores do ano (à excepção daquela que de facto venceu o Oscar nesta categoria).
Finalmente o único Oscar que este filme venceu entre as sete nomeações que obteve foi o de Caracterização para Jenny Shircore que, apesar de merecido, fica a saber a pouco se considerarmos a qualidade geral que o filme tem, e que note-se é imensa.
Se todo o filme é bom, e que garanto para aqueles que não o viram, ele é de facto MUITO BOM, correcto será igualmente dizer que é sem sombra de dúvida um "one woman show" de Cate Blanchett. Ela é imponente, intensa, vibrante, dramática, sensível e forte... Blanchett é todo um conjunto de emoções e de qualidade interpretativa neste papel que lhe assenta que nem uma luva e que será impossível de imaginar atribuído a qualquer outra actriz. Não terá sido o Oscar que não venceu, ou o Globo de Ouro de Actriz Dramática que de facto venceu, que dão ou retiram importância ao desempenho que ela nos entregou enquanto espectadores. Com ou sem prémios, Cate Blanchett é sem qualquer reserva imponente o suficiente para se colocar como uma das actrizes mais emblemáticas e de topo dos últimos anos, e ninguém duvide que se irá manter por lá durante muitos e muitos anos.
"Elizabeth: Am I to be made of stone? Must I be touched by nothing?"
10 / 10
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