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La Fugue de Jean-Bernard Marlin é uma curta-metragem francesa presente na Competição Internacional de Curtas-Metragens da edição deste ano do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente e ainda a vencedora do Urso de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Berlim, tendo ainda sido nomeada para o César da Academia Francesa na sua categoria.
Lakdar (Adel Bencherif) é um assistente social que trabalha directamente com jovens problemáticos na Marselha dos nossos dias. Depois de uma manhã aparentemente normal, Lakdar tem de acompanhar Sabrina (Médina Yalaoui) para a sua audiência em tribunal onde será decidida a pena a aplicar pelos seus erros do passado.
Depois de uma audiência desastrosa em tribunal, Sabrina decide fugir antes de ser ouvida a sentença, lançando Lakdar numa aparente busca sem frutos pelas ruas da cidade.
Ainda que aparentemente o argumento de Jean-Bernard Marlin pareça não trazer um clímax no qual as suas personagens encontram a sua redenção ou o seu lugar no mundo de forma intensa, não é menos verdade de que este ponto alto chega pela confirmação da sua vontade em prosseguir um caminho que delinearam como certo. É esta forma tranquila, mas não ligeira, de ver o seu futuro através de um olhar que o contempla como possível e não apenas um sonho distante que transforma La Fugue numa curta-metragem drámatica e intensa que o espectador não irá certamente esquecer.
Se para "Sabrina" esta certeza de que pretende um rumo diferente para a sua vida chega através da percepção de que não pode fugir e que precisa da devida penitência, para "Lakdar" ela revela-se pela confirmação de que o seu trabalho junto de jovens problemáticos tem efeito pela consciencialização da primeira de que não pode confirmar a sua fuga pelas ruas de uma Marselha que se sente como a terceira "personagem" deste filme curto.
Marselha essa que como pano de fundo de uma sociedade que está de certa forma perdida, sente-se por todos os momentos presente... Primeiramente pela sua comunidade que está em evidência e de seguida pela forma como é filmada durante a busca que "Lakdar" isoladamente efectua em busca de uma salvação... talvez para si... talvez para a jovem.... possivelmente para ambos. É nesta "incerteza" que o espectador vive até ao último instante sem que isso condicione a importância da viagem e da auto-descoberta que está implícita não só para as personagens em causa mas de certa forma para aqueles que a ela assistem.
Toda esta intensidade, ainda que maioritariamente contida, deve-se graças a uma dominante (mas tranquila) interpretação de um excelente Adel Bencherif que preenche o ecrã com a intensidade e expressividade que os seus gestos e olhar enfrentam o desconhecido e a incerteza mas que, ao mesmo tempo, não se deixam por elas dominar pretendendo um futuro melhor... talvez aquele que o próprio não terá alcançado.
De uma revelação branda, pausada e a passos curtos, La Fugue demonstra ao mesmo tempo um calor mediterrânico graças à luminosidade captada pela direcção de fotografia de Julien Poupard que cativa o espectador ao ponto de se achar num lugar comum e num espaço conhecido transformando-a numa das melhores curtas-metragens exibidas neste festival de cinema e uma das mais dominantes dos últimos tempos.
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9 / 10
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