domingo, 10 de setembro de 2017

Cult of Chucky (2017)

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Cult of Chucky de Don Mancini é uma das longas-metragens presentes na Secção Serviço de Quarto da décima-primeira edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror que hoje termina no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Depois de um controverso julgamento Nica (Fiona Dourif), é internado num hospital psiquiátrico apenas para descobrir que parte da sua terapia é não só confessar os homicídios de várias pessoas como também fazê-lo na presença de um dos bonecos Good Guy... Chucky (Brad Dourif) mais concretamente. Quando um a um percebem que afinal as histórias de Fiona sobre Chucky estar vivo não são pura imaginação e negação dos seus actos, percebemos que o misterioso boneco tem os seus planos para ajustar com o seu passado e com Andy (Alex Vincent)... com a ajuda de Tiffany (Jennifer Tilly).
Depois das inúmeras viagens de "Charles Lee Ray" pelo mundo do assassinato macabro e possessão do eterno "Chucky", a saga recupera o seu argumentista original que aqui dirige mais um título que é - para a sua extensa legião de fãs - m dos títulos do género mais aguardados do momento - que se culpe o aperitivo que foi dado com o trailer há alguns meses. Qual de nós não "salivou" por saber que numa só obra voltaríamos a encontrar "Chucky", a sua eterna paixão "Tiffanny" e ainda o seu arqui-inimigo "Andy" - note-se, aliás, como estou a caracterizar como inimigo aquele que foi até à data a sua maior vítima, numa clara inversão de papéis que poderá (para o mais atento) ter escapado como um spoiler! -, transformando o que pode ser um filme mais ou menos ligeiro e directamente relacionado com a corrente de humor que foi conferido aos últimos títulos, naquilo que se avizinhava com um verdadeiro banho de sangue na onda dos títulos originais...
Se permanece sempre a dúvida até que a "coisa" se confirme, Cult of Chucky passa muito rapidamente do morno para uma verdadeira espiral de loucura onde o perigo não se encontra no boneco original que lançou o terror em muitas casas nos idos anos '80, para toda uma legião de Chucky's que se fazem adivinhar com o significado do próprio título... "o culto", e nunca o cântico "Ade Due Damballa. Give me the power, I beg of you." foi tão repetido como nesta escassa hora e meia.
Da mais louca morte provocada por este boneco diabólico e seus seguidores a todo um novo conjunto de inovadores assassinatos, manipulações e até alguma justiça (pouco) "poética", Cult of Chucky tem de tudo e para todos os gostos... Uma "Nica" atormentada pelo seu macabro passado às mãos de um assassino em série que se escondeu de forma inteligente, um hospital psiquiátrico onde todos podem dizer as suas verdades que, na prática, ninguém irá acreditar neles, o regresso de "Tiffany" e de uma sempre intensa Jennifer Tilly capaz de roubar o ecrã em todos os pequenos momentos que lhes dá cor e brilho - afinal, tal como com Dourif, só a sua voz é digna de uma interpretação magistral - e o regresso esperado (e agora repetido) de Alex Vincent como a eterna e preferida vítima de um "Chucky" sedento de sangue. E ainda que as novidades não fiquem por aqui... elas são boas demais para as entregar já de mão beijada sem que o espectador possa retirar máximo proveito (e alguma surpresa) das mesmas.
O ambiente recriado por Don Mancini naquele hospital psiquiátrico é, no fundo, um elemento extremamente interessante e que, de certa forma, fazia falta ao formato. Distanciando-se de ambientes mais fechados e claustrofóbicos para um cheio de luminosidade onde o mal vai "habitar" de forma (não tão) inocente, Cult of Chucky prima por conferir a dois simples corredores toda uma dimensão fantasmagórica que consegue afastar o realizador da sua noção de realidade. Com pouco recurso a exteriores e concentrando tudo dentro do já referido hospital, a direcção de fotografia de Michael Marshall consegue criar receio em espaços que, no fundo, estão a ser dominados pelo olhar do espectador que, ainda assim, espera por uma qualquer surpresa ao virar da esquina... sendo que esta não chega a existir.
Se Dourif e Tilly são a tal "alma" estranha e desviante desta saga - e que nos entreguem ainda muitos títulos à mesma -, é uma igualmente intensa Fiona Dourif que consegue surpreender com a sua interpretação em Cult of Chucky. De inocente potencialmente culpada a uma criminosa de mão cheia, a sua "Nica" revitaliza a própria saga entregando-lhe todo um novo universo de possibilidades que, suspeito, nos irão chegar muito em breve... e a juntar-se-lhe poderíamos ter tido um Adam Hurtig... não fosse a interessante e surpreendente reviravolta que a sua personagem entrega sem que nenhum dos espectadores conseguisse adivinhar. Resta-nos Alex Vincent... preso no hospital psiquiátrico onde todos estão então mortos... Poderá ele ser finalmente o fiel justiceiro que a saga espera?... E já que "pedimos"... quão interessante seria numa próxima entrega podermos ter - num qualquer e inesperado volte-face -, recuperarmos Chris Sarandon, Catherine Hicks ou até Christine Elise para a saga... por muito que tenham "morrido", "desaparecido" ou simplesmente permanecido anónimos... no cinema vale tudo... e neste género... ainda mais.
Mancini, que também escreveu o argumento, cria uma história que apesar de muito semelhante às demais - afinal, quão poderá ela divergir?! -, consegue transformar-se, ou melhor, reciclar-se de forma inteligente podendo perpetuar até mais não as desventuras do par mais (não) romântico do género... ainda que sob uma forma diferente (até aqui as surpresas subsistem), "Chcuky" e "Tiffany" têm muito para dar... deixando apenas"falhar" com esta nova entrega Child's Play alguma - não direi previsibilidade - instabilidade em algumas personagens que poderiam e deveriam ter sido elaboradas com maior cuidado e empenho não deixando apenas para o boneco - que acaba por ser a estrela e isso é incontestável - todo o dramatismo inerente àquilo que se espera de um assassino demente e psicopata.
Diga-se o que se disser... que a fórmula está gasta ou que já não encontramos nada de novo aqui... o que é certo é que todos nós esperamos pelo próximo - para quando mesmo?! - e que ele seja tão artisticamente elaborado como este... e tão negro e macabro como os dois primeiros. "Chucky" aparentemente vive... e pelo que parece, de muito boa saúde!
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6 / 10
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1 comentário:

  1. Desfruto muito deste gênero de filmes, sempre me chamam a atenção pela historia. Grace Lynn Kung é sensacional no filme! Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Além, acho que a sua participação neste filme de ação realmente ajudou ao desenvolvimento da história. O filme tem uma grande historia e acho que o papel que ele interpreta caiu como uma luva, sem dúvida vou ver este filme novamente. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores filmes ficção cientifica acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

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