Glendower Drive de Max Moore é uma curta-metragem norte-americana de ficção presente na competição do Leiria Film Fest.
Matt (Trey Floden) e Jimmy (Trent Floden) são dois irmãos que passam os dias na companhia de uma avó (Margaret Wuertz) mais preocupada com o próximo cartão de bingo do que com eles. Aborrecidos e sedentos de aventuras que não alcançam enquanto esperam por ela, Matt e Jimmy cruzam as fronteiras do seu bairro que lhes irão trazer perigos inesperados.
Com um argumento que também é da autoria do realizador Max Moore, Glendower Drive é para além de um filme sobre os inocentes anos da infância, uma história sobre a perda dessa mesma inocência e nas potenciais consequências que dela advêm.
É claro para o espectador que o meio onde estas duas crianças vivem parece ser um local algo esquecido pelo passar do tempo. Aliás, a única companhia - para além da mútua - que lhes é reconhecida é a de uma avó cuja paciência, tempo e disponibilidade já passaram há muito de prazo e que agora apenas se concentra com a sua única diversão juntamente com outras pessoas da sua idade.
Aqui o tempo não tem definição ou limite. O espectador acompanha estas duas crianças naquela que parece uma tarde de Verão mantendo-se - no entanto - a indefinição do mesmo. Exceptuando a própria tragédia que tão pouco se avizinha e apenas confirmando a sua presença como um facto consumado, Glendower Drive prima por manter o espectador numa espécie de tempo suspenso que, por momentos, deixa a incerteza sobre estamos perante duas crianças física ou, por sua vez, duas almas que também elas incertas sobre a sua materialização se deixaram permanecer num espaço que tinham como familiar. A sua presença é apenas importante para o espectador que não lhes conhece interacção com outras personagens, nem tão pouco com outras crianças como elas. Estaremos a assistir a um momento do passado preso no tempo ou a um presente apenas tido como tal para todos os demais que não vemos?!
A única certeza parece residir na confirmação da morte quer através do que presenciamos quer através do sangue que se afirma como um elemento e, como consequência, este como o símbolo de uma inocência que passa a ser uma memória perdida. Como suspeita o espectador mantém a ideia de que poderá estar a assistir apenas a uma criança e à sua memória daquele que tinha como mais perto e que é agora o único "senhor" do seu destino ainda por escrever na totalidade.
Terno pela demonstração da cumplicidade entre dois jovens irmãos e comovente pela potencial revelação - ou dedução - dos seus destinos individuais ou colectivos. Será um a extensão do outro ou apenas a extensão da memória de um... no outro?
Com uma belíssima direcção de fotografia de Travis Newton que mantém o espectador na incerteza espaço-temporal e pela sua comovente música original da autoria de James Moore, Glendower Drive é, seguramente, um dos mais fortes e intensos filmes que poderiam passar por este festival.
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8 / 10
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