sábado, 12 de março de 2016

Freeheld (2015)

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Freeheld - Amor e Justiça de Peter Sollett é uma longa-metragem norte-americana que conta com as interpretações de Julianne Moore, Ellen Page e Michael Shannon enquanto protagonistas da história verdadeira de Laurel Hester, uma polícia de New Jersey que depois de iniciar uma relação sentimental e amorosa com Stacie Andree descobre estar doente com um cancro em fase terminal.
É durante este processo que Laurel (Moore) pretende que o direito à sua pensão após a sua morte seja imediatamente transferida para Stacie (Page) garantindo a esta a sua permanência na casa que ambas compraram. Mas num país que ainda não reconhece os casamentos homossexuais e onde em algumas comunidades mais conservadoras a mudança ainda não é reconhecida, Laurel e Stacie vêem-se envolvidas numa batalha legal que irá afectar não só as suas vidas como também aquela dos que com elas partilham laços profissionais ou de amizade.
O relato de uma história verídica contada numa obra cinematográfica prende-se constantemente com pequenos dilemas sobre como mostrar a história de uma vida - ou várias - respeitando o seu legado principalmente quando essa vida já não se encontra presente. Desta forma, o argumentista Ron Nyswaner consegue com o seu Freeheld recriar um conjunto de importantes acontecimentos e momentos que se prendem não só com a dignidade humana na medida em que respeitam a memória de Laurel Hester - também através da inspirada e dedicada interpretação de Julianne Moore - já desaparecida, como também relatam um importante momento na história recente dos Estados Unidos através das árduas batalhas judiciais - aqui a nível local mas com um impacto mediático nacional - travadas em nome da igualdade de direitos no que ao casamento diz respeito não o diferenciando os casais do mesmo sexo.
Em Freeheld de forma muito digna abordam-se dois temas muito importantes; por um lado a forma como surge sentimento e amor na vida de duas pessoas que, de uma ou outra forma, se escondiam da sociedade com medo da reprovação e do preconceito a que poderiam ser condenadas. Até a sua nova vida em comum é tida num novo local onde potencialmente ninguém as conhece mas, ainda assim, ambas celebram o nascimento de uma nova "vida" - em comum. Por outro temos ainda a história que torna tudo "mediático", ou seja, a eventual morte de um membro do casal e que coloca em risco a existência da outra no local que ambas escolheram para ser não a sua casa mas sim o seu lar. Se toda a história tece, inicialmente, um crescendo em que se celebra a vida - mútuo conhecimento, construção de um espaço comum, lentamente revelando as suas vidas àqueles que os rodeiam - a segunda metade de Freeheld é um prenúncio da morte onde se pretende essencialmente garantir uma continuidade, ou seja, um direito à existência e principalmente ao reconhecimento de algo que deveria ser simples... o amor. Este mesmo reconhecimento, que deveria ser natural mas que, para o qual, é necessário batalhar, exigir e impôr a sua presença abalando desta forma as estruturas sociais impostas que, pela "tradição", se revelam conservadoras e preconceituosas.
Batalhas judiciais e de afirmação à parte, Freeheld demonstra principalmente a força do amor, os seus frutos revelando, ao mesmo tempo, todos aqueles para os quais para lá de estereótipos o que existe é a candura do afecto, do sentimento e o poder do mais forte e determinante de todos os sentimentos como o é o amor. Para esta revelação contribuem de forma decisiva as intensas interpretações de Julianne Moore e de Ellen Page que encarnam "Laurel" e "Stacie" respectivamente, e que lentamente deixam cair a sua "máscara" usada na sociedade para revelarem os seus verdadeiros "eu"... aquele que é frágil, terno e que apenas pretende encontrar o seu próprio espaço num mundo de respeito e de afecto. Freeheld conta ainda com a participação de Michael Shannon como o duro mas não sempre intransigente "Dane", parceiro de "Laurel" que deixa no ar uma eventual paixão platónica por ela, e Steve Carell como "Steven Goldstein" o acérrimo defensor dos direitos LGBT que tudo fará para que os direitos do casal sejam reconhecidos e que contribui de forma decisiva para alguns dos momentos menos tensos desta história real.
De uma história de reconhecimento e ascenção pessoal e afectiva passando principalmente por um intenso marco sobre a igualdade - afinal até Jesus teve um brilhante comentário sobre a homossexualidade - Freeheld acaba por demonstrar que para lá de todas as pseudo convicções e tradições, o amor acaba sempre por vencer destronando o ódio, o preconceito e as falsas concepções sobre o "outro" que, em muitos momentos, mais não é do que alguém que conhecemos, com quem privamos e de quem gostamos. Mesmo que no final tudo tenha um elevado preço... por vezes elevado demais.
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"Laurel Hester: (...) I'm only asking for equality."
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8 / 10
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