Orgulho e Preconceito e Guerra de Burr Steers é uma longa-metragem de co-produção norte-americana e britânica que adapta o famoso romance de Jane Austen a uma Grã-Bretanha Imperial onde as mulheres privadas dos seus direitos individuais, necessitam do aval e da confirmação de um marido para reclamarem as suas heranças... Mas, num país devastado por uma epidemia que vitimou boa parte da sua população deixando-a como mortos-vivos, conseguirá a família Bennet encontrar um final feliz para as suas filhas?
A adaptação de um romance de época como o são aqueles de Jane Austen onde se inserem Sense and Sensibility (1995), Emma (1996) ou Pride & Prejudice (2005), são sempre um desafio que, regra geral, cativam pela exuberância dos seus cenários e pela qualidade de histórias que primam pela sua cândida abordagem sobre as relações e sentimentos humanos ou, por outras palavras, pela forma como se retratam os caminhos tortuosos do coração apaixonado e/ou despeitado. Pride and Prejudice and Zombies cativa inicialmente pela hipótese desta perspectiva e finalmente pela ultra moderna abordagem que o realizador e argumentista Burr Steers cria com este romance intemporal ao colocar o espaço geográfico com uma temática pouco típica do século XIX como o são os mortos-vivos. Mas estes não são uns mortos-vivos quaisquer...
Burr Steers insere neste conto original de Jane Austen um conjunto de mortos-vivos que estão, na sua maioria, inseridos numa comunidade própria, alguns dotados de inteligência e com propósitos de formarem o seu próprio Estado controlado - e conquistado - graças a uma supremacia iminente que os levaria a ser o topo de uma pirâmide social e a espécie dominante quase impossíveis de ser depostos - afinal mortos já estariam e, como tal, nenhum armamento os conseguiria travar - e, como tal, donos e senhores de um primeiro governo... "alternativo".
No entanto, e considerando os costumes da época - e a obra original - Pride and Prejudice and Zombies não esquece que o espectador quer - ou precisa - ver um pouco do conteúdo e do contexto original que o levará a uma Inglaterra dos 1800's onde se vive um, esse sim, contexto histórico real que, tal como os já referidos mortos-vivos, uma parte da sua população procura direitos reais e um lugar próprio no mundo livre de amarras e de constrangimentos apenas ultrapassados pela relevância legal do homem. A mulher, rejeitada pela sociedade como uma sua peça fundamental, mais não era do que um apêndice de um marido... A sua existência apenas era validada quando casada, e algum pouco reconhecimento - não Direitos - lhe poderiam ser conferidos através da confirmação de mulher enquanto casada. A propriedade, a fortuna, a herança apenas existiram com a confirmação de que a mulher existe... mas que existe casada.
No entanto Pride and Prejudice and Zombies revela-nos a mulher - através das figuras das irmãs Bennet - como as reais detentoras de poder físico e intelectual que procuram de facto um casamento e uma vida feliz mas que, ao mesmo tempo, são donas e senhoras da sua segurança... Frágeis e sensíveis em assuntos do coração mas determinadas guerreiras capazes de lutar e defender as suas próprias vidas. Longe de seres indefesos e capazes de cair na primeira armadilha, as "Bennet" são o resultado de uma sociedade que teve forçosamente de se defender, não das agruras de uma comunidade que as condenava a uma vida de eventos sociais para agradar à comunidade, mas sim de perigos físicos e reais que poderiam colocar em risco a sua própria vida.
Interessante pela contextualização histórica adaptada - obviamente - ao género apocalíptico, Pride and Prejudice and Zombies distingue-se pela sua qualidade artística nomeadamente pela fotografia, guarda-roupa, direcção artística e aqui ainda pela inovação na caracterização diferente daquilo que esperamos de um típico filme de época mas, na sua essência, os dois géneros - época e zombie - fundem-se numa amálgama nem sempre convincente, apesar da contextualização que lhe é dada ou de uma história re-escrita, ou mesmo pelo sub-aproveitamento de umas personagens e pouco desenvolvimento de outras tantas... afinal, se lá estão e se poderiam ter "sumo", teria sido bom poder aproveitá-las a todas.
Fundamentalmente Pride and Prejudice and Zombies será um dos filmes que se insere no sub-género e que deixará satisfeito aquele conjunto de fãs que consegue literalmente devorar o mesmo e que se sentirá feliz por alguns intensos momentos de acção - e também comédia - que aqui lhe são proporcionados.
Burr Steers insere neste conto original de Jane Austen um conjunto de mortos-vivos que estão, na sua maioria, inseridos numa comunidade própria, alguns dotados de inteligência e com propósitos de formarem o seu próprio Estado controlado - e conquistado - graças a uma supremacia iminente que os levaria a ser o topo de uma pirâmide social e a espécie dominante quase impossíveis de ser depostos - afinal mortos já estariam e, como tal, nenhum armamento os conseguiria travar - e, como tal, donos e senhores de um primeiro governo... "alternativo".
No entanto, e considerando os costumes da época - e a obra original - Pride and Prejudice and Zombies não esquece que o espectador quer - ou precisa - ver um pouco do conteúdo e do contexto original que o levará a uma Inglaterra dos 1800's onde se vive um, esse sim, contexto histórico real que, tal como os já referidos mortos-vivos, uma parte da sua população procura direitos reais e um lugar próprio no mundo livre de amarras e de constrangimentos apenas ultrapassados pela relevância legal do homem. A mulher, rejeitada pela sociedade como uma sua peça fundamental, mais não era do que um apêndice de um marido... A sua existência apenas era validada quando casada, e algum pouco reconhecimento - não Direitos - lhe poderiam ser conferidos através da confirmação de mulher enquanto casada. A propriedade, a fortuna, a herança apenas existiram com a confirmação de que a mulher existe... mas que existe casada.
No entanto Pride and Prejudice and Zombies revela-nos a mulher - através das figuras das irmãs Bennet - como as reais detentoras de poder físico e intelectual que procuram de facto um casamento e uma vida feliz mas que, ao mesmo tempo, são donas e senhoras da sua segurança... Frágeis e sensíveis em assuntos do coração mas determinadas guerreiras capazes de lutar e defender as suas próprias vidas. Longe de seres indefesos e capazes de cair na primeira armadilha, as "Bennet" são o resultado de uma sociedade que teve forçosamente de se defender, não das agruras de uma comunidade que as condenava a uma vida de eventos sociais para agradar à comunidade, mas sim de perigos físicos e reais que poderiam colocar em risco a sua própria vida.
Interessante pela contextualização histórica adaptada - obviamente - ao género apocalíptico, Pride and Prejudice and Zombies distingue-se pela sua qualidade artística nomeadamente pela fotografia, guarda-roupa, direcção artística e aqui ainda pela inovação na caracterização diferente daquilo que esperamos de um típico filme de época mas, na sua essência, os dois géneros - época e zombie - fundem-se numa amálgama nem sempre convincente, apesar da contextualização que lhe é dada ou de uma história re-escrita, ou mesmo pelo sub-aproveitamento de umas personagens e pouco desenvolvimento de outras tantas... afinal, se lá estão e se poderiam ter "sumo", teria sido bom poder aproveitá-las a todas.
Fundamentalmente Pride and Prejudice and Zombies será um dos filmes que se insere no sub-género e que deixará satisfeito aquele conjunto de fãs que consegue literalmente devorar o mesmo e que se sentirá feliz por alguns intensos momentos de acção - e também comédia - que aqui lhe são proporcionados.
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