Prodigal de Livia Ungur e Sherng-Lee Huang é uma curta-metragem documental norte-americana que através de cenas e momentos urbanos banais retrata a vida de uma cidade da qual a sua realizadora abandonara.
Numa viagem de regresso ao seu passado, o espectador percebe que esta não é apenas uma viagem física mas também psicológica na qual a realizadora enfrenta uma cidade - a sua - que agora parece um espaço distante daquele de onde havia inicialmente partido.
Existe uma frase - ou pensamento - que reflecte na perfeição o sentimento geral para com este filme, ou seja, como voltar a um espaço depois de ter experimentado tudo o resto? No exacto momento em que cada um de nós se sente "incomodado" pela pequenez - geográfica, dimensional, cultural, económica, social, ... - de um dado local onde nascemos ou crescemos, perspectivamos o imediato abandono do mesmo procurando, dessa forma, um local que no qual nos consigamos enquadrar e sentir que não só é o nosso espaço como também a nossa "casa".
Desta forma, este documentário que é apresentado como "o registo de um conflito da sua realizadora com o seu lar", indicia que existe uma relação de tensão ou talvez até desagrado para com a Bucareste natal que a realizadora abandonou rumo a um "mundo melhor", cidade à qual regressa para poder expiar os seus antigos fantasmas para com a mesma.
Prodigal apresenta-nos portanto um conjunto de momentos e situações banais da vida diária de uma cidade aqui captados na "ilegalidade" e colados numa interessante e curiosa montagem que representam a vida de um espaço que parece pretender retratar algo com o qual a realizadora fez as suas "pazes" mas com a qual já não se identifica enquanto a sua "casa". Entre cómico e trágico, Prodigal celebra portanto essa redenção e aceitação de que o espaço pode ser uma parte do indivíduo mas não necessariamente o "eu" em absoluto.
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6 / 10
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