O Dez é um conjunto de curtas-metragens dedicadas ao tema do sobrenatural tendo sido realizadas por Leandro Ferrão, Paolo Marinou-Blanco, João Nunes, Hanna Reisch e Pedro Varela, e cada curta-metragem tem o seu próprio conjunto de actores mas com um factor em comum que dá mote a todas as histórias, ou seja, a presença de dez moedas amaldiçoadas que definem a vida daqueles que as guardam.
Por entre as várias histórias de terror deparamos igualmente com um muito bem elaborado e conseguido trabalho de fotografia que consegue dar um ambiente sombrio com reflexos e a ausência de luz sem que no entanto, o ecrã fique totalmente a preto impossibilitando-nos de conseguir perceber o que se passa. Aqui felizmente o trabalho de Vítor Rebelo e Miguel Sales Lopes conseguiu transmitir os devidos ambientes "tenebrosos".
Os desempenhos, apesar de consistentes, não conseguem na sua generalidade destacar-se durante a grande maioria do tempo até chegarmos à curta Anestesia de Pedro Varela onde tanto Albano Jerónimo como São José Correia nos entregam as duas mais fortes interpretações de todo o compêndio de curtas. Desempenhos contidos mas brilhantes e suficientemente capazes de um digno filme de terror.
Também Dinarte Branco esteve muito bem na sua respectiva curta Manobra de Heimlich da autoria de Paolo Marinou-Blanco onde nos entrega um desempenho francamente sofrido ao contrário de muitos dos habituais cómicos que estamos habituados a verificar.
Finalmente a única coisa que a meu ver desaponta um tanto em O Dez é alguma incoerência nos argumentos em que devido à limitação de tempo que cada curta tem, são resumidos muitos dos aspectos que deveriam ser mais elaborados e trabalhados. Não que sejam retratados a correr esquecendo o seu propósito mas há sem qualquer dúvida alguma necessidade de que deveriam ser curtas mais desenvolvidas não limitando talvez a sua duração a, de uma forma geral, dez minutos cada.
A ideia está, de uma forma geral, boa e bem conseguida com desempenhos sólidos dos nossos actores, e consegue ser refrescante perceber que estão os profissionais portugueses dispostos a entrar em registos diferentes, nomeadamente o de terror, considerando que não é habitual existir em Portugal, e muito menos sob o formato de curtas-metragens inseridas num bloco maior.
Digno de ver e de apreciar, e também digna foi a campanha elaborada para a sua divulgação efectuada tanto pela RTP como pelo portal de internet SAPO.
6 / 10
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