Resident Evil: Capítulo Final de Paul W. S. Anderson é o mais recente - e eventualmente a última - das sequelas da saga Resident Evil iniciada em 2002.
Alice (Milla Jovovich) regressa à origem de todo o mal... Raccoon City, onde a Umbrella Corporation tenta um último assalto àquilo que resta da Humanidade. Pretendendo terminar com a praga zombie que dizimou o planeta, Alice contará com a ajuda de alguns dos resistentes que encontra pelo caminho e colocar assim um fim à temida organização.
Paul W. S. Anderson regressa uma vez mais ao género que o celebrizou e que transformou Milla Jovovich numa super-heroína moderna, para aquela que será a última - tal como fora anunciada mas... nunca se sabe - entrega desta saga iniciada há quinze anos. O cenário, já todos o conhecemos... um planeta Terra completamente destruído quer pelas investidas da Umbrella Corporation quer pelo contra-ataque dos poucos humanos que lhe vão sobreviventes ou ainda pela temida acção de uma horde de mortos-vivos que ocupou o meio como o seu novo e dominante ocupante. De Washington à imaginada Raccoon City, o espectador de Resident Evil: The Final Chapter encontra uma "Alice" perdida numa capital destruída mas ainda povoada por monstros imaginados tão ou mais perigosos que os habituais zombies ao mesmo tempo que, em flashback, observa as origens deste vírus que transformou a espécie neste assassino descontrolado e que deixou a Humanidade reduzida a pouco mais de quatro mil habitantes.
Por detrás da história que Anderson assina aquilo que o espectador pode encontrar é mais uma história que faz justiça à saga assim como um conto que versa - ainda que pouco importante para a sua respectiva dinamização - os meandros políticos e económicos por detrás de uma história de zombies, senão... vejamos... Inicialmente povoada por toda uma população que insiste em aumentar desenfreadamente espoliando o planeta dos seus cada vez mais parcos recursos, Resident Evil: The Final Chapter - assim como toda a saga Resident Evil para ser honesto - é, no fundo, um registo de desventuras dos seus protagonistas que tentam escapar aos meandros de maquinação de entidades e elites económicas que decidem quem, como e onde podem viver despojando todos os demais da oportunidade de sobreviver. O vírus, que tanto poderia eliminar como no fundo transformar a população mundial em seres sedentos de sangue e carne humano, mais não é do que alegoria ao princípio de que... quando em necessidade extrema dessa mesma sobrevivência, o dito "povo" desprivilegiado tudo tentará fazer para se manter à tona de uma sociedade caótica e em ruínas. Fantasias à parte - dos zombies aos seres semi-mitológicos voadores - não encontramos aqui uma certa semelhança com uma sociedade à beira da ruptura onde as oportunidades e meios de subsistência se encontram apenas ao alcance de alguns?
No entanto, esta abordagem sociológica ao mundo em que vivemos não é o principal motor de sobrevivência de Resident Evil: The Final Chapter ou de qualquer um dos seus predecessores. Pelo contrário, aquilo que o espectador fã da saga ou mero curioso da mesma procura é um conjunto de momentos de acção frenética e lutas à la Matrix que preencham o seu imaginário de ficção científica - bem assente na Terra - e a eterna luta de uma "Alice" de Jovovich que parece resistir às mais perigosas e elaboradas investidas de uma Umbrella que não desiste do domínio e do controlo que assumiu como seu.
Jovovich, fiel a si mesma e ao espírito que incutiu na criação da sua "Alice" assume-se como a eterna heroína / vítima de uma história que não controla mas que a coloca no centro de toda uma acção, relativamente indiferente à demais espécie humana a que pertença mas, ao mesmo tempo, curiosa e protectora da mesma como que a última esperança desse tal novo começo que parece nunca mais encontrar o seu caminho certo e, ao contrário das demais incursões no género, aqui dona de uma certa vulnerabilidade não graças a uma qualquer prole que lhe foi confiada como sua mas sim pela descoberta do seu próprio passado directamente relacionado com todos os acontecimentos iniciados em 2002 - ou até antes - e, como tal, também ela directa interessada em que tudo termine de uma vez por todas de forma mais ou menos altruísta.
Para quem conhece esta saga - via videojogo ou incursão cinematográfica - sabe aquilo que espera desta história... que se esqueçam os complots palacianos, o próprio drama dos sobreviventes ou até mesmo um planeta completamente dizimado e a necessitar de uma rápida recuperação... aqui a única coisa que interessa ao espectador é a probabilidade de continuar a ter uma história fiel ao género e quase duas horas de uma acção bem ritmada, surpreendente quanto baste e um esperado "final" que responda a todas as dúvidas anteriormente criadas. Quanto à parte de ser o último título... se pensarmos que o género surpreende sempre com mais um capítulo... vale tudo... No que diz respeito à acção acredito que o espectador que o aprecie encontrará aqui um filme que responda às suas expectativas imediatas mais não seja pela forma... sempre em forma... de Milla Jovovich, a verdadeira alma desta saga.
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6 / 10
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