A Experiência de Filadélfia de Stewart Raffill é uma longa-metragem norte-americana cujos protagonistas são Michael Paré e Nancy Allen numa história que cruza o passado e o presente entre 1943 e 1984.
Em 1943 os Estados Unidos preparavam testes que possibilitassem aos navios de guerra do país tornarem-se invisíveis ao inimigo. Quando o USS Eldridge desaparece em Filadélfia, David Herdeg (Paré) e Jim Parker (Bobby Di Cicco) são tele-transportados para o Estado do Nevada em 1984 onde conhecem Allison Hayes (Allen). No entanto, é em 1984 que a experiência se volta a realizar ao comando de Longstreet (Eirc Christmas) levando a que toda uma cidade desaparece e fique perdido num espaço temporal indefinido ameaçando toda a existência como então é conhecida.
Com o selo de produção de John Carpenter e argumento de Michael Janover, William Gray, Don Jakoby e Wallace C. Bennett, The Philadelphia Experiment é uma história que se inicia como um conto sobre os muitos eventuais misteriosos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial tentando cativar pela forma sobrenatural com que os mesmos são apresentados. Em pleno conflito todas as medidas e ideias valiam para vencer o inimigo e, numa altura em que a Alemanha Nazi parecia ainda indestrutível, os Estados Unidos decidem vencer pela invisibilidade. Por outras palavras, como poderia o inimigo derrotar se nem sequer os via?!
Num campo de novidade e onde tudo é uma potencial hipótese, The Philadelphia Experiment transgride a sua própria premissa e a viagem no tempo ocupa o seu lugar transformando-se na premissa principal desta história onde "David" e "Jim" são as duas vítimas desta odisseia que os leva a um território familiarmente desconhecido onde os Estados Unidos poderão não ser aquilo que eles conheceram... Entre a desconfiança e a surpresa, a novidade e o preconceito (breve) com que têm de lidar, é a história de amor e aquela de sobrevivência que se impõe que acaba por ganhar relevância nesta história que muito ameaça... mas pouco acaba por cumprir.
Se "Jim" rapidamente desaparece desta história como o resultado dos efeitos secundários da experiência em que participara, é o "David" de Michael Paré que acaba por ser o esperado protagonista que encontra o amor, um passado familiar resolvido com a perda do mesmo e a convicção de que o mundo do qual vem já não é o mesmo que abandonara... horas antes. Nesta sua nova realidade e (in)esperada redenção, o espectador encontra personagens misteriosas - em 1943 - que parecem ter algo mais para contar do que as breves palavras que trocam, alguns inuendos e outras tantas insinuações que parecem e confirmam nunca serem resolvidas e apenas uma certeza... que a fuga de "David" não será eterna e que toda a (sua) vida o espera nessa admirável nova década de 80... esquecendo todas as demais que ficaram por descobrir... num futuro já passado.
Paré então muito prolífero nos anos 80 e Nancy Allen que se transformou num ícone com a sua participação na saga Robocop (1987), iniciada com Paul Verhoeven são então o par romântico - também ele inesperado - que luta pela preservação de um amor de acaso, pela conclusão de um passado nunca encerrado e pela descoberta de pequenos grandes elementos sobre a vida de um "David" perdido entre dois mundos, naquela que é uma história que teria tudo para vingar se se tivesse assumido como um conto fantástico ou até mesmo sobrenatural, mas que se deixou levar por algumas tramas mal elaboradas e com pontas soltas que acabou por não credibilizar nenhuma das vertentes desta história dirigida por Raffill para lá de se promover com o "selo" Carpenter.
De levantar o véu sobre as misteriosas experiências para-militares que todos desconfiam existir sem - obviamente - nenhuma delas ser alguma vez exposta sem esquecer o romance, as viagens temporais e até mesmo a redenção com as escolhas (ou oportunidades) que surgiram, The Philadelphia Experiment dificilmente prende o espectador à excepção de uma muito bem construída - e ritmada - perseguição a alta velocidade pelo meio de um laranjal e que apesar de ser um (o?) ponto alto deste filme não chega para o tornar suficientemente dinâmico para mais tarde o recordarmos.
The Philadelphia Experiment serve essencialmente como um aperitivo à interessante carreira série B de Raffill, como uma muito ligeira marca na obra de Carpenter - ainda que enquanto produtor - e claro, redescobrir Paré e Allen como actores marcantes - e até determinantes no género - nesses já idos anos 80 sem que, no entanto, seja uma daquelas longas-metragens que possamos afirmar com segurança conseguir manter-se na nossa memória pela sua qualidade... mesmo que inserida num contexto e numa época.
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