sábado, 21 de janeiro de 2017

The Runner (2015)

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The Runner - Factor de Risco de Austin Stark (EUA), também o autor do argumento que conta a história de Colin Pryce (Nicolas Cage), um político idealista que se propõe a defender os direitos da sua comunidade tentando, ao mesmo tempo, ocultar a sua vida pessoal no momento em que se vê envolvido num escândalo sexual.
Se esta longa-metragem de Austin Stark tem o potencial para ser um interessante thriller político no qual são exploradas as convicções liberais e idealisticas de um homem dedicado à política bem como toda a sua vida pessoal onde os valores ou a esperada integridade são ameaçados, é seguro afirmar que o espírito entregue não só à história como à personagem de Nicolas Cage estão longe de caírem em graça com a credibilidade que deles são esperados. Imaginemos portanto o argumento potencialmente perfeito - longe de afirmar que o é - mas que ganha corpo de forma desastrosa e absolutamente indiferente, incapaz de ganhar o apoio ou empatia do seu público.
Pensemos logo de imediato naquilo que observamos... ainda que o mote para esta obra seja o derrame petrolífero e as suas directas consequências numa população cujo sustento advém daquilo que obtêm do mar, cedo se esquece o propósito inicial para engrossar o interesse com a vida de um político idealista mas pouco inspirado interpretado por Nicolas Cage. Aliás, pouco inspirado parece ser o mote de toda a sua interpretação que por breves segundos engana o espectador que oscila entre considerar que o protagonista ou está ali pelo cheque (pouco) chorudo que esta longa-metragem lhe conferiu ou então para marcar pontos que lhe confiram uma qualquer viagem à volta do mundo... Sim, Nicolas Cage está longe - muito longe aliás - de qualquer qualidade interpretativa que em tempos lhe fora reconhecida com obras como Moonstruck (1987), Leaving Las Vegas (1995) ou Adaptation (2002). Aparentemente pouco inspirado - para desconhecedor até arriscaria dizer pouco sóbrio - e uma breve e muito fugaz memória do que em tempos alcançara, Cage parece apenas vir para "picar o ponto" em algo que mais valia nunca ter feito mantendo-se, dessa forma, com os créditos reconhecidos daquilo que em tempos fez dele um bom intérprete.
Mas, se a história em torno do desastre ecológico é rapidamente relegada para segundo plano, e o espectador se concentra portanto na vida deste homem, são os seus ímpetos amorosos extra-matrimoniais que ganham forma, ignorando um casamento de conveniência com "Deborah" (Connie Nielsen) e lançando-se nos braços de "Kate" (Sarah Paulson) colocando em risco todo seu trabalho em prol dos desfavorecidos numa América ultra-conservadora e moralista que, no entanto, prefere olhar de lado quando a questão se relaciona com a corrupção financeira... Se a moral está em causa... temos uma preocupação... se o que está em jogo é dinheiro... bom, que flua na terra de todas as oportunidades.
Oscilante entre a relação extra-matrimonial e um casamento semi-desfeito onde reina talvez a amizade mas pouco mais, uma questão ecológica na qual colocou todo o seu empenho mas que ficou ameaçado pela sua conduta "moral", os grandes e corruptos lobbies financeiros que tudo tentam para ver o seu produto vendido - nem que isto seja a vida da população ou a imagem de um qualquer político de segunda categoria que se possa facilmente manobrar - e isto, sem esquecer, o drama do mesmo com um pai também renegado de uma vida potencialmente em ascensão, é The Runner que se perde mantendo a dúvida se é o filme que é realmente frágil, se as interpretações ou mesmo se a amálgama crescente de tópicos que poderiam ter sido explorados caso a mesma ultrapassasse os cento e oitenta minutos de duração... Nada aqui é seguro, confiável ou de interesse pois este... perdeu-se muito próximo do início da longa-metragem.
No final, para o espectador, de lamentar não é o facto de The Runner poder ser uma daquelas histórias que simplesmente não correu bem... Pode ser trágico mas plausível de acontecer... pode ser aborrecido mas, nem tudo na vida corre simplesmente bem... Trágico é encontrar um actor que em tempos era sinónimo de êxito de bilheteira ou de dramatização das suas personagens em primeira linha, aqui remetido para alguém que mais não é do que uma breve e frágil memória de um passado já distante, incapaz de manter um sucesso na área da interpretação e que mais não funciona do que este conjunto de sucessivas desastres interpretativas fruto de más escolhas profissionais ou mesmo, nunca o saberemos, de uma vontade extrema de passar ao próximo cachet... Porque nem sempre a culpa - a existir - é de uma única pessoa... mas que aqui o espectador é incapaz de olhar para lá do seu actor protagonista que se mantém tão trágico quanto a personagem que aqui interpreta...
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3 / 10
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