A Mulher que Não Esteve Lá de Angelo Guglielmo é um documentário que nos conta uma das mais impressionantes histórias de sobrevivência dos trágicos acontecimentos de 11 de Setembro de 2001.
Este documentário conta-nos a história de Tania Head, uma das sobreviventes da torre norte do World Trade Center e que perdeu o seu noivo na torre sul. Após a sua longa recuperação Tania destacou-se como uma das mais activas sobreviventes que através da sua história que todos inspirava e conseguiu unir, se tornou também uma das figuras mais influentes e carismáticas ao ponto de se ter tornado na Presidente da Associação dos Sobreviventes do WTC, convivendo não só com os restantes sobreviventes como também com alguns dos políticos mais emblemáticos da cidade como é o caso de Rudolph Giuliani, antigo mayor da cidade.
No entanto algo estaria prestes a abalar não só as associações como principalmente as pessoas envolvidas e as estruturas políticas da cidade quando um artigo do New York Times em 2007 revela que é a verdadeira Tania Head, desmascarando toda a sua história como um dos maiores e mais trágicos contos do vigário, revelando que não só o noivo de Tania nunca havia existido como ela própria nunca tinha estado dentro do World Trade Center, tendo esta aproveitado as fragilidades alheias bem como o seu poder carismático e dom da palavra para todos ludibriar.
Depois deste escândalo Tania esteve escondida e ausente dos olhares públicos até 2011 quando misteriosamente é avistada nas ruas da cidade.
À semelhança do que acontece com muitos dos documentários que têm como base a Segunda Guerra Mundial e que fascinam as pessoas pela veracidade dos seus acontecimentos, esta fase da História recente do nosso mundo conseguem cativar a nossa atenção. Todos nós queremos saber um pouco mais (muito mais) sobre aquele tão trágico dia que mudou de forma radical as vidas de todos nós e, de certa forma, a sociedade que conhecemos. O que vemos, o que conhecemos, a forma como interagirmos e também como nos comportamos em sociedade transformaram-se radicalmente, e a noção de segurança que tinhamos até então desapareceu.
Este documentário é assim importante pois relata-nos a forma como ultrapassamos, ou tentamos ultrapassar, as tragédias pessoais que centenas, ou mesmo milhares de pessoas, sofreram naquele dia. Os que desapareceram... os que sobreviveram... aqueles que perderam amigos ou familiares e que aos poucos tentaram recuperar e ultrapassar as cicatrizes daquele dia e que, graças a uma pessoa dita miraculosa, pensaram estar assim também elas a recuperar. Este documentário mostra não só essa recuperação como principalmente a forma como aqueles que realmente foram vítimas do 11 de Setembro se sentiram, uma vez mais, vítimas de um dos maiores embustes a que as suas vidas assistiram.
Interessante, mas ao mesmo trágico e revoltante, este documentário mostra um outro lado daquele dia... O lado em que todas aquelas pessoas esperam recuperar e encontrar modelos e exemplos de sobrevivência mas que graças aos oportunismos de que, infelizmente, todas as tragédias são alvo, encontram um novo obstáculo para a sua recuperação e dignificação da memória daqueles que se perderam.
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