quarta-feira, 6 de março de 2013

Les Anges Exterminateurs (2006)

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Os Anjos Exterminadores de Jean-Claude Brisseau, e do qual também escreve o argumento que retoma a sua já evidente obsessão pela sexualidade feminina ou sobre aquilo que dela não é falado.
François (Frédéric van den Driessche) é um realizador cuja carreira há muito se sente estar num impasse e numa indefinição. O novo projecto no qual se lança pretende obter imagens a partir de uma história que se desenrole a partir dos prazeres sexuais femininos e, mais concretamente, sobre os elementos transgressores que as inibem (ou despertam) na sua respectiva sexualidade.
À medida que efectua inúmeros castings mais ou menos explícitos e onde por um lado algumas actrizes recusam participar, por outro algumas não se importam de passar de imediato à prática, François desconhece que dois anjos renegados estão encarregados de testar os seus próprios limites e colocá-lo sempre numa situação de onde nunca sairá a ganhar.
Aos poucos o clima sentido nos castings transporta-se para a sua vida onde as poucas actrizes seleccionadas desenvolvem uma estranha obsessão por François que delas já parece não poder prescindir, ao ponto de não só a sua vida profissional como pessoal e saúde física saíram para sempre alteradas e danificadas.
Como em todos os géneros cinematográficos, quer sejam eles a comédia ou o terror, e até mesmo aqueles que se centram na sexualidade mais explícita, apenas e só conseguem valer e ser "interessantes" se realmente conseguirem abordar a sua temática mais ou menos específica com seriedade e integração numa história coerente. Com este filme, Brisseau só prova estar francamente marcado por uma qualquer obsessão que faz dos seus filmes um puro visionamente gratuito e vulgar de uma pseudo-sexualidade reprimida e recalcada.
Quando começamos a ver este filme já com reservas a respeito de outras suas obras, rapidamente confirmamos que tinhamos razões para tal. Este filme começa com um conteúdo pouco interessante mas que, ainda assim, consegue inicialmente despertar algum interesse. Dois anjos renegados prontas a vingar-se de um qualquer indivíduo anónimo que deambula pela planeta a tentar fazer pela sua vida. Até aqui tudo bem, mas rapidamente temos o cenário estragado quando percebemos que esse indivíduo apenas pretende passar os dias com algumas pretensas actrizes onde o seu objectivo é saltarem para cima da cama e exibirem os seus dotes manuais durante cinco...dez... ou até quinze minutos.
É neste exacto momento que percebemos que a restante história já pouco interessa para o realizador que, na prática, apenas deve ter escrito duas ou três páginas de guião limitando-se no restante a dizer "satisfaçam-se enquanto eu filmo", estando assim o espectador presente durante a demais vulgaridade rasca com a qual Brisseau julga que o mesmo merece, encostando-se assim muito de perto com um soft-porn para o qual não estamos preparados e, ao contrário daquilo que a sua personagem pretende no filme, que através de "François" dá uma clara alusão à sua própria pessoa, filmar o tabu e a transgressão, Brisseau aqui refugia-se mais uma vez na velha ideia de que filmar um filme "desculpa" as reais intenções daquilo que na prática pretende realmente fazer.
Aqui a sexualidade não está contextualizada, não tem uma inserção no filme além da ideia de querer filmar o "tabu" e aquilo que faz as mulheres (ou algumas) realmente sentir e desejar no acto sexual. Aqui a sexualidade é banalizada ao ponto de se tornar gratuita e despropositada, onde filosoficamente se diz "deixa-me deitar ali na cama e pôr mãos à obra" (literalmente falando), tornando todo o filme num processo asqueroso de voyeurismo sem qualquer dramatização.
Dito isto, estes Os Anjos Exterminadores mais não é do que um filme com desempenhos rascas, uma história explícita refugiada na imagem de "estudo", com uma vulgaridade que arrisco dizer ordinária ao colocar um filme que quer assumidamente ser porno mas que para atingir um público mais "vasto" não se assume como tal, não o respeitando nem tão pouco a sexualidade que pretende "filmar", e que se se tivesse assumido logo como um filme porno teria sido bem mais honesto.
Desinteressante e com uma falta de honestidade extrema, a única palavra que me sobra realmente para o caracterizar é aquela que já tanto utilizei neste breve comentário... rasca. Simplesmente rasca.
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