Day of Reckoning de Joel Novoa é uma longa-metragem independente norte-americana e o mais recente título cinematográfico a recuperar o sub-género apocalíptico onde uma Terra vive sob a ameaça de uma invasão de criaturas do Inferno.
Quinze anos depois de registada a primeira invasão, o planeta vive sob a nova ameaça que poderá surgir aquando do eclipse do Sol. Com um conjunto de sinais de indicadores de que a destruição se prepara para uma repetição, alguns sobreviventes têm de encetar uma luta contra-relógio que poderá determinar a sua continuidade na Terra. Conseguirão eles escapar ou irão as ameaças determinar o seu fim?
O argumentista Gregory Gieras recupera - sem não estar perdido - o filme que teoriza sobre as mais variadas formas do "fim de mundo" tal como o conhecemos criando pequenas mensagens subliminares que alertam o espectador para uma ideologia ecológica e os malefícios do Homem enquanto um todo para com a natureza que o rodeia sem esquecer a devida menção a uma economia exploradora e impiedosa. Mas antes de lá chegarmos pensemos nos intervenientes por si só... "David" (Jackson Hurst) é um tipo que vive de expedientes e, sem uma aparente vida normalizada depois de um divórcio consensual, tenta manter-se à tona num limite entre o que queria... e o que tem. "Laura" (Heather McComb) a sua ex-mulher tenta levar uma vida profissional intensa - enquanto professora - esquecendo todo o lado sentimental do qual parece sentir falta. Sem grande interacção para lá do evidente que se avizinha, a dupla protagonista de Day of Reckoning vê-se forçada a co-existir num mundo que se prepara para uma segunda destruição às mãos de estranhas criaturas que saem do subsolo.
Afastado o drama familiar e existencial - quem sou eu no mundo se não tiver uma relação do passado devidamente resolvida?! - Day of Reckoning apresenta finalmente as "suas" verdadeiras questões existencialistas... Teoria da conspiração? Talvez... mas o que é certo é que os sinais estão lá. Esqueçamos por momentos a elevada militarização de uma sociedade que desdenha por um qualquer controlo sobre os demais ou até mesmo uma história que se concentra - em boa medida - num cenário naturalmente desértico perto de uma das cidades mais populosas dos Estados Unidos para, por sua vez, olharmos em primeiro lugar para os alvos destas estranhas - e computorizadas - criaturas que surgem aos milhares... As sedes de grandes organizações bancárias... A destruição, que parece presente iminente num mundo em perigo, parece inicialmente apenas concentrar-se nos grandes símbolos de uma sociedade concentrada única e exclusivamente no seu dinheiro e no seu lucro, esquecendo as verdadeiras vítimas de uma hecatombe... as pessoas.
Se este pequeno elemento passa rapidamente - e despercebido -, o mesmo não se poderá dizer a respeito da tal salvação "ambiental" que tão explicitamente escondida encontramos nesta longa-metragem. Desde o local de onde estas criaturas cedo surgem - uma qualquer plataforma eléctrica/petrolífera (?!) que escava o planeta sem percebermos bem com que sentido - nada é de facto claro em Day of Reckoning a não ser que as criaturas surgem aquando de um eclipse (porque este e não os outros?), os pássaros encetam viagens migratórias fora de tempo, o planeta está à beira de uma mudança (qual?) e os tremores de terra parecem ser ou aquilo que desperta tais criaturas... ou então o tremer provocado pelas intensas manadas que saem do submundo. Demónios? Seres pré-históricos? À escolha do freguês que se segue que, no entanto, é devidamente "alertado" por uma ou outra referência Biblíca sem, no entanto, ser confirmada.
Sem uma confirmação daquilo que os poderá salvar e com a certeza de que durante o eclipse (de largas horas) são alvos fáceis destas criaturas que parecem mais do que destruir o planeta, procurar este grupo de sobreviventes como se fossem os únicos que conhecem a sua fraqueza, Day of Reckoning entrega a salvação através de dois importantes elementos da nossa (pouco) estimada Terra... o primeiro à água... composto principal de um planeta e o elemento que toda a vida garante... o segundo o sal... Esqueçamos lá o detalhe de que mais de 60% do planeta é composto por água salgada e... o planeta está salvo quase na sua totalidade em qualquer das suas parte... Assim, estes demónios concentrados numa perseguição ao homem - um homem e seu grupo especificamente - termina muito antes de ter começado, não sem antes levar as vítimas do próprio grupo que não resistiram a uma "dentadinhas" de amor destes demónios disfarçados de animais retirados do talho e que desconhecemos se os perseguem porque chegou "aquele" ano em concreto ou se por outro lado apenas desejam expiar os malfeitores de um planeta que tudo fornece... e que por isso é explorado até à sua exaustão.
Longe estará o espectador que julga ir aqui encontrar aquele grande filme do género - sempre difícil de concretizar - ou mesmo um cuja história denote coerência, bons registos interpretativos ou até mesmo um agradável momento cinematográfico mesmo que a história não seja a sua favorita. Em Day of Reckoning apenas encontramos um conjunto de momentos já conhecidos - e melhor filmados ou editados - com pouco suspense, pouca credibilidade na construção e execução dos seus "demónios" que facilmente se identificam com efeitos especiais computorizados pouco naturais e mal inseridos no ambiente terrestre mas que, ainda assim, pode contribuir para um momento bem passado a altas horas de uma sexta-feira onde todos os momentos monótonos da vida se esquecem graças à fragilidade de um filme cheio de boas vontades mas com poucas qualidades esquecendo-se com mais rapidez do que aquela com que foi visto.
.
.
2 / 10
.
Sem comentários:
Enviar um comentário